Estilo de vida
26/04/2017 às 09:07•2 min de leitura
Quando o assunto envolve memória, pensamos em uma das histórias mais curiosas que já publicamos sobre o assunto aqui no Mega, que é a de uma mulher incrível chamada Sabrina Bittencourt, que uma vez perdeu a memória durante um almoço de família.
Se a história de Sabrina nos deixa de queixo caído diante da complexidade do cérebro humano e suas inúmeras facetas, espanto semelhante é de se ter com o caso da australiana Rebecca Sharrock, que tem uma condição rara conhecida como Hipertimesia ou, ainda, Síndrome da Supermemória.
Por causa disso, Rebecca consegue se lembrar de eventos que aconteceram desde que era bebê! Uma de suas lembranças, por exemplo, é de um sonho que ela teve quando tinha apenas 1 ano e meio de vida. Ela conta que no sonho se sentia fora de casa e que, por isso, acordou aos prantos, querendo o afago de sua mãe.
No entanto, essa não é a sua memória mais antiga – que nada! Rebecca afirma que se lembra exatamente do dia em que foi fotografada em um carro quando tinha apenas 12 dias de vida, quando foi colocada sentada no banco do motorista, graças a uma ideia do seu pai.
Essa memória excepcional faz com que Rebecca consiga se lembrar de tudo o que viveu nos mínimos detalhes, dos livros que leu, dos filmes a que assistiu e por aí vai. A Síndrome da Supermemória é algo tão raro que, só para você ter ideia, a estimativa é a de que entre 20 e 80 pessoas tenham a mesma condição em todo o mundo.
A memória de Rebecca é tão afiada que ela é capaz de recitar todos os livros da saga Harry Potter, sem pestanejar. Falando em livro, é exatamente esse o seu projeto atual: colocar no papel a experiência quase única de se lembrar de todos os momentos de sua vida – possivelmente vem aí um longo livro.
Intitulado “My life is a puzzle” (“Minha vida é um quebra-cabeça”), o livro vai contar também como foi que Rebecca percebeu que sua memória precisa não era algo comum. Ela relata que se viu surpresa ao ler, anos atrás, um artigo sobre memória que dizia que as pessoas geralmente têm lembranças de eventos que viveram depois dos 4 anos de idade, apenas.
“No meu primeiro aniversário, eu não fazia ideia de que dia era aquele, tudo o que eu sabia era que a mamãe estava me colocando em um vestido de cetim que me dava coceira e que eu estava chorando, apesar de ouvir que aquele era o meu dia especial e que muitas pessoas viriam para me ver. Eu ainda não entendo, mas parei de chorar em determinado momento. Naquele dia, meus pais também me deram um brinquedo da Minnie Mouse, cujo rosto me apavorava”, disse ela.
Rebecca conta que, quando tinha 18 meses de idade, começou a sonhar sempre que dormia e, por causa dos sonhos, achava que estava de fato saindo de casa à noite frequentemente – por isso, chorava e queria dormir com a sua mãe por perto.
Ter uma memória assim tão apurada de tudo o que já aconteceu faz com que Rebecca frequentemente reviva seu passado, em termos emocionais, o que pode ser um lado ruim dessa experiência. Isso tudo nos faz pensar, como meros mortais de memórias comuns, em experiências que vivemos e das quais não nos lembramos mais. Você, leitor, gostaria de se lembrar com clareza de um momento ou um dia especial da sua primeira infância?
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