Artes/cultura
21/10/2014 às 08:25•3 min de leitura
A internet pode ser uma mão na roda na hora de crises: a Google Nigéria ajudou diversos jornalistas a identificarem notícias relacionadas ao ebola e vale citar também os esforços da eHealth África para criar um aplicativo Android de gerenciamento do vírus. Ainda assim, o efeito contrário das ferramentas online também pode causar grandes estragos.
Aproveitando-se de uma mistura de medo crescente da população mundial com a facilidade de espalhar informações, existem muitos casos de curas ambulantes (e fraudulentas) circulando na internet.
O FDA, órgão dos Estados Unidos responsável por controlar alimentos e drogas comercializados no país, já lançou o alerta: não há nenhum tipo de tratamento para o ebola sendo comercializado online, ainda que hajam remédios experimentais sendo utilizados no tratamento de certos pacientes.
Conheça algumas das propostas que andam circulando online:
A homeopatia, somente nos Estados Unidos, é uma indústria que circula cerca de US$ 3 bilhões todo ano. Apresentando uma medicina alternativa que, muitas vezes, se alia a tratamentos convencionais para potencializar o processo de recuperação dos pacientes ou até como ferramenta singular, o tipo de tratamento paralelo também está sendo aplicado no ebola.
Alguns estudos, como no caso do trabalho de Givon Zirkind, doutor especializado em tratamentos homeopáticos, apresentam substâncias que auxiliam em sintomas específicos da doença. Ácido sulfúrico e a veneno de cobra são alguns dos fármacos propostos para uso na hora de solucionar hemorragias e febres.
Outros tipos de publicações são bem mais arriscadas, porém: o site NaturalNews publicou um artigo intitulado “Tratando o Ebola com Homeopatia”, sobre a criação de uma vacina caseira para eliminar as células contaminadas do corpo. O site, que já retirou a página do ar, avisa que o método é “altamente questionável”.
O texto original incitava os portadores do vírus a injetarem em si mesmos amostras contaminadas, como sangue e cuspe, misturadas com álcool e água como forma de cura.
A crise do ebola chegou em Serra Leoa rapidamente. O surto, de acordo com os oficiais de saúde do país, nunca teria ultrapassado as barreiras da Guiné, não fosse uma mulher clamando ter poderes especiais com plantas.
Mohamed Vandi, em depoimento para a AFP, afirmou que a epidemia chegou até a vila Sokoma graças ao tratamento buscado por pacientes guineenses nas mãos da especialista sobrenatural. Ainda que os infectados tenham auxiliado na hora de espalhar a doença no país, a situação se agravou com a morte da curandeira, que foi enterrada em um funeral místico e acabou ajudando a infectar ainda mais pessoas — as vítimas da doença, mesmo mortas, possuem grande taxa de transmissão.
Dirigida por uma psiquiatra chamada Rima E. Laibow, a instituição Natural Solutions supostamente encontrou a cura do ebola antes das grandes companhias. Chamado Nano Silver, o nutriente (segundo vídeo no YouTube lançado pela empresa) foi testado mundialmente e deixou suas marcas benéficas sem exceção ou contraindicações.
O nome do tal nutriente remete à tecnologia patenteada Silver Nano, que serve como agente antibacteriano em máquinas de lavar roupa, geladeiras e afins. A proposta de Laibow foi cortada pelo FDA, que pontuou a ineficácia comprovada e falta de regulamentação oficial do produto.
Pegando onda no Nano Silver e no discurso de Laibow sobre o governo não querer divulgar a real cura do vírus, o site Godlike Productions também teve espaço para suas próprias teorias da conspiração.
Uma das postagens no site informa que óleos essenciais, como produtos de orégano e trevos, matam o ebola por completo. Porém, com um adendo: o gosto é muito cáustico, então é melhor esfregar eles diretamente na sola do pé.
Apelidados como boosters, a criação do violinista Peter Chappell promete impulsionar sua saúde por meio de faixas sonoras. Segundo o site oficial, a música manda sinais para seu cérebro, dando ordens para que ele se organize e se cure por completo.
Chappell já lançou seu site especial para a cura do ebola, que vem equipado de vários tipos de boosters, tanto para quem já tem a doença quanto para quem quer se ver longe da mesma. Vale ressaltar que não há nenhum embasamento científico constatado dentro do projeto do violinista.