Estilo de vida
25/03/2015 às 06:57•2 min de leitura
Sem querer questionar o seu livre-arbítrio mas, com a chegada do frio, é possível que alguns comportamentos “aleatórios” comecem a ocupar o seu cotidiano. “Quem disse isso?” A ciência disse — ou, vá lá, pelo menos especulou com um bom embasamento.
Conforme colocou em um artigo recente o site Live Science, o inverno (ou a sensação de frio) provoca diversas mudanças no comportamento das pessoas, notadamente por efeitos psicológicos que, em grande parte das vezes, passam batidos. Confira abaixo algumas formas com que o frio pode alterar a sua forma de se apresentar e de encarar o mundo ao redor.
Há pelo menos duas pesquisas científicas que respaldam a teoria de que, durante o inverno, as mulheres tendem a vestir roupas que tragam matizes de vermelho ou cor-de-rosa. Entretanto, esse comportamento ocorreria apenas durante os períodos de ovulação — quando o corpo da mulher está mais propenso a engravidar.
Não obstante, o padrão não é notado durante o verão.Embora a questão seja bastante controvertida, estudiosos acreditam que isso se deve às limitações típicas do frio — como as baixas temperaturas tornam inviáveis os trajes mais sensuais, a saída (inconsciente) é encontrar outra forma de indicar o período de fertilidade.
A ciência também descobriu que a temperatura ambiente afeta consideravelmente o nosso julgamento quando se trata de um crime. Em temperaturas mais baixas, nós nos tornamos mais inclinados a avaliar um assassinato, por exemplo, como algo feito de forma premeditada (a sangue-frio) — ao passo que temperaturas mais elevadas podem nos fazer acreditar que o criminoso agiu “por impulso”, ou no “calor do momento”.
Na verdade, o simples fato de segurar uma caneca com café quente ou uma bebida gelada pode provocar esse efeito.
Ao que parece, o frio físico pode nos fazer buscar a contrapartida do calor psicológico. Um grupo de estudiosos descobriu o fato ao colocar vários participantes em uma sala climatizada, quando então pedia que eles escolhessem um filme. Surpresa: temperaturas frias levavam as pessoas a escolherem filmes de natureza romântica — ou outro gênero que lhes trouxesse conforto semelhante.
Talvez o frio expanda os limites do seu raciocínio abstrato, mas também é certo que pode transformá-lo em um delator — ou fazer com que o seu lado delator aflore, enfim. Uma experiência conduzida em 2013 por um grupo de cientistas colocou duplas de participantes em celas separadas, com a única informação de que não havia provas suficientes para condenar nenhum deles, embora lhes pedisse que testemunhassem contra o companheiro hipotético.
Eis a sacada: alguns participantes ganharam um aquecedor de mãos durante o experimento, o que os tornou duas vezes mais aptos a cooperarem com o companheiro de clausura do que outros que haviam segurado um pacote de gelo durante o interrogatório. Os pesquisadores interpretaram que a sensação de calor físico aumentou a confiança dos voluntários uns nos outros.
Variações de temperatura podem favorecer tipos diferentes de criatividade. Em uma série de experimentos, um grupo de pesquisadores descobriu que pessoas segurando almofadas térmicas ou uma xícara de chá quente em uma sala aquecida tornavam-se predispostas a desenhos criativos, à categorização de objetos e a pensar em presentes para outras pessoas.
Em contrapartida, os voluntários que passaram frio se tornaram mais aptos a reconhecer metáforas, a dar novos nomes a pratos e a elaborar ideias abstratas de presentes. Acredita-se que o calor torne as pessoas mais propensas a atividades criativas relacionadas a outras pessoas — promovendo, acreditam os estudiosos, comportamentos mais generosos —, enquanto que baixas temperaturas favorecem o processamento mais frio e distanciado das ideias.