Artes/cultura
14/03/2021 às 05:00•2 min de leitura
Ontem (11) completaram-se dez anos de uma das maiores tragédias do Japão: um gigantesco tremor de terra desencadeou um enorme tsunami que matou mais de 18 mil pessoas e provocou um perigoso colapso na usina nuclear de Fukushima Daiichi. Naquele dia, Yuko Takamatsu mandou uma mensagem de texto para o marido, pedindo: “Eu quero ir para casa”.
Fonte: TokyoLife/Facebook/Reprodução
Ela está até hoje entre dezenas de milhares de pessoas que não conseguiram voltar. Porém, o marido de Yuko, Yasuo, da cidade japonesa de Onagawa, continua procurando a esposa todas as semanas. E promete não interromper suas buscas até encontrá-la ou até que ele próprio, hoje com 64 anos, não possa mais respirar.
Logo após a tragédia, o marido procurou Yuko em terra, a partir da margem onde ele lhe enviou aquela última mensagem, depois ao longo das praias, florestas e montanhas próximas de Onagawa. Dois anos após o desaparecimento, Yasuo foi à loja de equipamentos de mergulho local e tomou aulas para continuar sua busca, desta vez no mar.
Fonte: Marek Okon/Unsplash/Reprodução
Depois de obter sua licença de mergulhador, Yasuo já fez mais de 470 mergulhos submarinos semanais durante os último sete anos. “Estou sempre pensando que ela pode estar em algum lugar por perto”, disse ele à Associated Press (AP).
Além desses mergulhos solo, ele se junta uma vez por mês às buscas subaquáticas realizadas pelas autoridades locais na tentativa de resgatar cerca de 2,5 mil corpos ainda não encontrados. Takamatsu reconhece que as cicatrizes de Onagawa já estão praticamente cicatrizadas, "mas a recuperação dos corações das pessoas ... levará tempo", afirma com tristeza.
Em sua cruzada pessoal, Yasuo Takamatsu tem encontrado todo o tipo de pertences de diversas pessoas desaparecidas, mas nenhum item que fosse da sua esposa, ou algo que permitisse o encerramento de suas buscas. Semana após semana, ele continua vestindo sua roupa de mergulho. Citando a última mensagem de Yuko, ele diz: "tenho certeza de que ela ainda quer voltar para casa".