Artes/cultura
25/09/2023 às 09:00•2 min de leitura
No início do mês de setembro, pesquisadores chineses realizaram um avanço científico inovador. Pela primeira vez na história, órgãos humanos conseguiram ser cultivados em outros animais. No caso dessa pesquisa, os cientistas conseguiram "cultivar" rins humanos em embriões de porcos.
Esses embriões foram geneticamente modificados para que não produzissem rins suínos. Além disso, células-tronco humanas foram inseridas nos embriões, incentivando-os a produzir rins humanos. Depois, os embriões eram introduzidos em mães porcas substitutas, com o objetivo de levar o desenvolvimento dos embriões a diante e gerar os novos órgãos.
Os porcos foram escolhidos porque seus órgãos têm semelhança com os órgãos humanos. A gestação foi interrompida com cerca de um mês. Os pesquisadores notaram que alguns embriões haviam conseguido produzir rins com os tamanhos e características esperados para aquele momento da gestação. Eles continham cerca de 50% a 60% de células humanas.
O estudo é considerado promissor e inovador, pois esse tipo de resultado nunca havia sido testemunhado antes. “Órgãos de ratos foram produzidos em camundongos e órgãos de camundongos foram produzidos em ratos, mas tentativas anteriores de cultivar órgãos humanos em porcos não tiveram sucesso”, disse Liangxue Lai, autor sênior do estudo desenvolvido pela Academia Chinesa de Ciências e da Universidade Wuyi.
Fonte: Reprodução: J. Wang et al/Cell Stem Cell 2023
A descoberta chinesa é um grande passo para o desenvolvimento de órgãos saudáveis em laboratório, mas a humanidade ainda está distante do dia em que bastará solicitar um órgão a um laboratório e esperar ele ser produzido dessa maneira — então, cuide dos seus rins, reduzindo o consumo de sal e bebendo água.
Um dos grandes desafios que ainda precisarão ser vencidos é lidar com a rejeição que o corpo humano desenvolverá ao receber um rim criado em laboratório.
Os cientistas ainda afirmaram que as células humanas não parecem ter interferido no desenvolvimento dos embriões de porcos para além da produção dos rins, o que era o esperado.
“Vimos poucas células neurais humanas no cérebro e na medula espinhal dos embriões e nenhuma célula humana na crista genital, indicando que as células-tronco pluripotentes humanas não se diferenciaram em células germinativas”, dizem os investigadores.
Fonte: Reprodução: Fonte: University of Maryland School of Medicine/Shutterstock
Os estudos envolvendo os órgãos suínos não são uma novidade. No ano passado, um homem com morte cerebral foi mantido vivo para que pudesse receber um novo coração vindo de um porco.
A cirurgia foi feita no Centro Médico da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. O homem se chamava David Bennett Sr. e tinha 57 anos. Ele tinha uma grave doença cardíaca e recebeu um coração de um porco geneticamente modificado. Dois meses após o procedimento, David veio a óbito.
Ainda assim, os pesquisadores classificaram a cirurgia como inovadora e importante. “Como acontece com qualquer cirurgia de transplante pioneira no mundo, esta levou a insights valiosos que, esperançosamente, informarão os cirurgiões de transplante para melhorar os resultados e potencialmente fornecer benefícios que salvem vidas de futuros pacientes”, disse a equipe de pesquisa em comunicado.