Ciência
18/12/2023 às 06:30•2 min de leitura
Você sabia que o design das mãos humanas conta com mais de 340 milhões de evolução? E que o formato dos pés já foi usado para determinar a nossa personalidade? As extremidades dos nossos membros superiores e inferiores são cheias de importâncias, mas, até hoje, não havia uma filmagem mostrando o passo a passo da sua formação dentro do útero.
As fases iniciais do desenvolvimento dos dedos de mãos e pés sempre foi um mistério. Afinal, em que momento eles começam a se formar e se separar? Pensando nisso, o consórcio internacional Human Cell Atlas se debruçou sobre essas partes do corpo humano em sua nova investida científica.
O consórcio tem trabalhado para mapear os diversos tipos de células humanas, inclusive durante os primeiros meses de gestação do feto. Foi assim que surgiu o vídeo abaixo, que coloca uma luz sobre os complexos sistemas genéticos responsáveis pelo desenvolvimento de mãos, pés e dedos.
O consórcio utilizou tecnologias unicelulares e espaciais de última geração para conseguir registrar as imagens. “Pela primeira vez, conseguimos capturar o notável processo de desenvolvimento dos membros até a resolução de uma única célula no espaço e no tempo”, disse Sarah Teichmann, autora do estudo e cofundadora do Human Cell Atlas. Confira:
Além das imagens, foi possível compreender novas funções de alguns genes-chave, como o MSC e PITX1, que podem regular as células-tronco dos músculos. Tudo começa por volta da oitava semana de gestação, quando braços e pernas se “descolam” da lateral do corpo e viram estruturas separadas. Essa parte da evolução, especificamente, ainda é pouco estudada em seres humanos, mas bastante conhecida em ratos e pintinhos.
“Décadas de estudo de organismos-modelo estabeleceram a base para a nossa compreensão do desenvolvimento dos membros dos vertebrados”, explica Hongbo Zhang, outro autor do projeto, que analisa da quinta à nona semana de formação do feto. Os tecidos foram colorizados para compreender como cada conjunto de células atua na hora do desenvolvimento.
Foi descoberto, por exemplo, que os dedos das mãos e dos pés não crescem individualmente como se estivessem sendo esticados do corpo. Na verdade, eles colapsam de uma estrutura inicial única e maior. Também foi possível identificar o comportamento de genes responsáveis por algumas síndromes que afetam os membros e podem deixar os dedos mais curtos ou até gerar dedos a mais.
“O que revelamos é um processo altamente complexo e regulado com precisão. É como observar um escultor trabalhando, esculpindo um bloco de mármore para revelar uma obra-prima”, observa Zhang. “Neste caso, a natureza é o escultor”, completa o cientista.