Ciência
19/08/2018 às 03:00•4 min de leitura
A maioria das pessoas possui uma ideia vaga de o que constitui um culto, mas a verdade é que esse termo é uma daquelas palavras escorregadias e nebulosas que são difíceis de definir, e as explicações mais rígidas costumam ser amplas ou específicas demais. As coisas só pioram quando você leva em conta que toda a ideia envolve a crença de cada um e é, portanto, subjetiva.
Esquivando-se da controvérsia, os sociólogos costumam evitar o termo pejorativo “culto”, preferindo usar a definição de “Novos Movimentos Religiosos” (NRM, na sigla em inglês) – explicados como instituições que possuem crenças bastante distantes das religiões comuns. Esses grupos são comumente caracterizados por fazerem exigências rígidas de seus membros, como abdicar de seus bens para viver em uma comunidade isolada, por exemplo.
Muitos dos NRMs possuem líderes carismáticos e autoritários que convencem seus seguidores afirmando possuir poderes proféticos – o que muitas vezes leva a previsões de um apocalipse iminente. Não é preciso pensar muito para saber que isso normalmente não acaba muito bem. A seguir, mostramos alguns dos cultos mais infames que se tornaram notórios mundo afora, seja por alcançarem um sucesso absoluto, seja por terem acabado em um mar de sangue.
Formalmente conhecida como Associação do Espírito Santo para a Unificação da Cristandade Mundial, a Igreja da Unificação foi fundada pelo reverendo Sun Myung Moon. Nascido na Coreia do Norte, o líder afirmou ter recebido uma visão aos seus 16 anos de idade que o chamava para completar o trabalho de Cristo na Terra – que ele acredita ter sido interrompido pela crucificação, já que Jesus morreu antes de ter filhos, que seriam os seres perfeitos.
Pensando ser o novo Messias, Moon fundou sua nova religião na década de 1950, afirmando que seus seguidores só poderiam alcançar a salvação se o obedecessem e, após sete anos de submissão, aceitassem um parceiro escolhido por ele. O culto então se tornou famoso por seus casamentos em massa, nos quais o líder unia centenas de pessoas de uma vez só.
Nos anos 70, Moon aproveitou o sucesso e mudou sua sede para Nova York, atraindo novos membros e muita desconfiança, com os pais dos novos praticantes sequestrando seus filhos e os “desprogramando”. A religião foi alvo de vários processos e, em 1982, o líder foi considerado culpado por sonegação fiscal. A Igreja da Unificação sobrevive até hoje, agora com o nome de Federação Familiar para a Paz Mundial e Unificação.
Fonte da imagem: Reprodução/The Guardian
Após ficar sabendo da grande população de hippies na Califórnia, o padre cristão David Berg se mudou para lá para recrutar jovens, missão em que obteve um grande sucesso por conta de sua atitude contrária à ordem estabelecida. Muitos abdicaram de seus empregos e bens para viver na casa do líder, mudando-se com ele para o Arizona quando ele afirmou ter uma revelação sobre um terremoto que atingiria o estado em que estavam antes.
Os membros passaram a chamar Berg de Moisés e se autointitulavam os Filhos de Deus. No início dos anos 70, o grupo já estava recrutando pelos Estados Unidos inteiros e até possuía centros internacionais. Em 1974, o culto já tinha mais de 4 mil membros em 70 países. O líder escrevia várias cartas para suas comunidades para propagar seus ensinamentos e, em 1978, ele reorganizou a religião, que passou a chamar de A Família.
O ponto mais controverso dos Filhos de Deus era a atitude liberal de Berg com relação ao sexo, encorajando relacionamentos sexuais abertos e experimentação. O grupo chegou a ser acusado de incentivar o abuso infantil e de praticar o que ficou conhecido como “flerte de pescaria”, quando os membros se envolviam em relacionamentos físicos para atrair novos membros. No final da década de 1980, o grupo encerrou essas práticas por conta de DSTs.
Fonte da imagem: Reprodução/XFamily
Fundado por quatro ex-padres católicos, duas ex-freiras e uma ex-prostituta, o movimento de Uganda enfatizava a importância dos Dez Mandamentos presentes na Bíblia. Os líderes do movimento acreditavam ter recebido visões da Virgem Maria que indicavam que a Igreja Católica Romana havia abandonado as leis sagradas.
Os comandantes do culto então profetizaram a chegada do apocalipse no dia 31 de dezembro de 1999, convencendo seus seguidores a venderem seus bens materiais em antecipação ao fim do mundo. Quando a data passou e o dia do julgamento não aconteceu, os líderes alteraram a previsão, afirmando a mãe de Cristo viria no dia 17 de março de 2000 para salvar os fiéis e levá-los ao paraíso – eles até fizeram um banquete na véspera.
Quando a data final chegou, a polícia descobriu que uma explosão seguida de incêndio havia matado centenas dos membros do culto. Embora isso tenha sido tomado como um suicídio em massa inicialmente, evidências posteriores e corpos encontrados em outros locais indicavam que na verdade todos foram assassinados porque os líderes não tinham como devolver o dinheiro após a falha das profecias. Não se sabe se os fundadores se suicidaram ou fugiram.
Fonte da imagem: Reprodução/NileGuide
Após ser expulso da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia quando jovem, David Koresh se uniu a uma variante chamada de Ramo Davidiano. Enquanto era um membro, ele formou uma forte amizade e teve um caso com a líder, Lois Roden, que o nomeou como seu sucessor. Após a morte da antiga chefe em 1987, Koresh teve que garantir seu lugar em um violento duelo com armas de fogo contra o filho da Roden.
Entre os controversos ensinamentos do novo líder estava a doutrina da Nova Luz, que declarava que todas as mulheres eram esposas espirituais de Koresh, mesmo as menores de idade e as que já eram casadas. Ele se declarou um messias, ainda que imperfeito, e pregava a iminência do apocalipse. Seus seguidores ignoravam seu abuso sexual por ser parte de seu chamado divino.
Koresh passou a juntar uma grande quantidade de armamentos em sua igreja, Mt. Carmel, e foi investigado por abuso infantil. As acusações por armas levaram o Bureau de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo (ATF, na sigla em inglês) a invadir o local, dando início a um tiroteio seguido de um impasse que durou 51 dias. Quando a AFT finalmente conseguiu entrar, um incêndio foi iniciado e causou a morte de mais de 80 membros, incluindo 20 crianças e o próprio líder.
Fonte da imagem: Reprodução/Paixão Assassina
Charles Manson foi filho de uma mãe solteira de 16 anos de idade que foi presa por roubo à mão armada. Ele viveu sob os cuidados de seus tios, mas logo passou também a se envolver em crimes de pequena escala. Após passar muito de sua juventude em reformatórios e na prisão, ele se mudou para San Francisco e atraiu um grupo devoto de jovens que se tornou conhecido como a Família.
Diferentemente da maioria dos cultos, a Família Manson não se focava primariamente na religião, ainda que Charles tenha se envolvido ligeiramente com Satanismo e Cientologia. O líder fez previsões sobre uma violenta guerra racial da qual dos afro-americanos sairiam vitoriosos, mas teriam que depender dos brancos sobreviventes para terem bons líderes. Ele planejava que seu grupo se escondesse durante o conflito e depois tomasse o controle.
Para incentivar a guerra racial, Manson ordenou que seus seguidores realizassem assassinatos para culpar os negros, o que resultou na morte de várias pessoas em Los Angeles, incluindo a atriz Sharon Tate, que estava grávida do diretor Roman Polanski. Os assassinos esfaquearam suas vítimas e escreveram mensagens com seu sangue. Manson e seus capangas receberam sentença de morte, mas acabaram pegando prisão perpétua após a Califórnia banir a execução de detentos.
Fonte da imagem: Reprodução/Vice
E você, conhece mais cultos famosos com histórias bizarras ou sangrentas? Deixe seu relato nos comentários.
*Publicado originalmente em 24/01/2014.
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