Ciência
13/05/2017 às 04:00•3 min de leitura
Assaltar a geladeira antes de ir dormir pode ser mais comum do que se imagina. Embora muitas vezes relutando contra isso, todo mundo já se pegou tarde da noite comendo algum doce calórico ou um salgado rico em carboidrato, mesmo sem estar com fome.
Os cientistas estão começando a entender por que as pessoas se entregam as guloseimas depois do escurecer. Além disso, eles estão conseguindo determinar se essas calorias ingeridas à noite são capazes de fazer maiores estragos – como ganhar mais peso e desenvolver doenças crônicas como diabetes – do que as consumidas de dia.
Estudos tendem a mostrar que as calorias dos alimentos consumidos tarde da noite (em um horário que compreende o jantar e a hora de dormir) tendem a ser armazenadas no corpo como gordura em vez de queimadas como energia, garante Kelly Allison, do Centro de Peso e Transtornos Alimentares da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
De acordo com Steven Shea, diretor do Instituto Oregon de profissionais de Ciências da Saúde da Universidade da Ciência e Saúde de Oregon, algumas pesquisas apontadas indicam que o alimento é processado de forma diferente ao longo do dia. Isso pode ser devido a flutuação na temperatura do corpo, reações bioquímicas, níveis hormonais, atividade física, absorção e digestão dos alimentos.
A pesquisa sobre o ganho de peso também chegou à conclusão de que o horário é tão importante quanto – se não mais importante que – os tipos ou as quantidades de alimentos consumidos durante a noite.
Para Shea, as pessoas tendem a escolher os itens mais palatáveis no período noturno, ou seja, doces e salgados mais calóricos. Isso seria uma forma de compensar o cansaço e possíveis restrições que se estendem durante o dia.
Um estudo publicado em 2013 realizado com obesos e pessoas com sobrepeso mostrou que aquelas que comeram após as 15h perderam menos peso que as que comeram antes desse horário, mesmo que elas tenham ingerindo a mesma quantidade de calorias, dormido e se exercitado de forma idêntica.
Isso mostra que comer tarde prejudica o sucesso da terapia de perda de peso. No estudo, as pessoas que comiam mais cedo conseguiram perder em média 10 quilos, enquanto que as que comiam mais tarde perderam em média 8, uma diferença de 2 quilos.
Outro estudo realizado com mulheres saudáveis e publicado neste ano mostrou que quem comeu após 16h30 queimou menos calorias enquanto descansava e digeria do que quem comeu 13h, mesmo com a ingestão idêntica da quantidade de calorias.
Há um ditado bastante difundido que diz para você “comer como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo”. Entretanto, o ritmo do trabalho pode deixar pouco tempo para um café da manhã e um almoço decentes.
Mas a evolução também teria culpa no cartório. Shea afirma que, para nossos antepassados primitivos, quando a comida era escassa, se alimentar a noite era uma vantagem, já que o corpo poderia armazenar a energia na forma de gordura e glicogênio. Dessa forma, eles estariam prontos para as atividades no outro dia sem ter que repor imediatamente as calorias.
Hormônios também podem estar nos induzindo a comer mais tarde. Cortisol e adrenalina, dois hormônios que seguem o ritmo circadiano natural, despencam após as 15h, assim como os níveis de energia, em uma preparação do corpo para o final do dia.
Isso é bom para quem está planejando jantar e dormir cedo, mas é péssimo para quem pretende ficar acordado até mais tarde. Dessa forma, as pessoas costumam tomar café para prolongar o período de tempo acordado, em vez de repousar, o que gera alterações no ritmo alimentar.
Ingerir alimentos ricos em açúcar e gordura no final do dia apenas aumentam o apetite, criando uma verdadeira bagunça nos seus hábitos alimentares. Sendo assim, você vai sentir desejo de mais comida mais tarde.
*Publicado em 8/9/2015
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