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17/09/2013 às 13:11•2 min de leitura
Uma nova pesquisa talvez tenha encontrado uma explicação para o fato de termos tanta dificuldade em matar uma simples mosca: o tempo passa mais devagar para elas. Em uma analogia com a famosa cena de Matrix, em que Keanu Reeves desvia com habilidade de uma série de balas, o The Guardian explica que um jornal enrolado que vem em direção à mosca tem um efeito semelhante.
Assim como Reeves, a mosca tem bastante tempo para escapar. E isso não acontece apenas com elas. O estudo sugere que vários animais têm percepções diferentes do tempo, já que esse fator está diretamente relacionado ao seu tamanho. Em geral, quanto menor o animal, mais devagar o tempo passa.
Os pesquisadores apontam que a evidência vem da habilidade dos animais de detectar separadamente os flashes da oscilação da luz. O jornal explica que a “frequência crítica de fusão de oscilação” é o ponto em que os flashes de luz se encontram, para que a luz pareça um elemento constante. É esse ponto que indica a noção de tempo. Estudos comparativos do fenômeno em diferentes animais mostraram que existe uma relação entre essa percepção e o tamanho.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
“Curiosamente, existe uma diferença considerável entre espécies grandes e pequenas. Animais menores do que nós veem o mundo em câmera lenta. (...) Nosso foco era nos vertebrados, mas se observarmos as moscas, elas percebem a luz oscilar quatro vezes mais rápido do que nós. Podemos imaginar uma mosca vendo literalmente tudo em câmera lenta”, explica o Dr. Andrew Jackson, do Trinity College, em Dublin, na Irlanda.
Além das moscas, mais de 30 espécies foram observadas, entre elas, galinhas, cães, gatos, tartarugas, roedores e lagartos. E os resultados foram os mesmos: animais menores e mais ágeis tinham uma habilidade apurada para perceber informações sobre o tempo, ou seja, podiam ver mais oscilações de luz por segundo.
A percepção do tempo é apenas mais um aspecto da evolução e da sobrevivência, afirmam os cientistas. Uma prova disso são os animais que tiram vantagem dessa diferença na percepção do tempo entre as espécies.
“Algumas espécies, por exemplo, usam luzes oscilantes como sinais – como é o caso dos vagalumes e muitos outros animais marinhos. Espécies de predadores maiores e mais lentas não conseguem decodificar esses sinais se o seu sistema visual não for rápido o bastante, o que permite que os sinalizadores tenham um canal de comunicação secreto”, revela o Dr. Luke McNally, membro da equipe e pesquisador da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Fonte da imagem: Reprodução/Shutterstock
De acordo com o The Guardian, o pesquisador que coordenou o estudo encontrou sua inspiração depois de perceber que crianças pequenas sempre parecem estar apressadas. Segundo Jackson, o efeito também vale para a sensação que temos de que o tempo passa mais rápido conforme envelhecemos.
“É tentador pensar que para as crianças o tempo passa mais vagarosamente do que para os adultos e há evidências de que isso de fato aconteça. Humanos mostraram que a frequência de fusão da oscilação está relacionada à percepção de tempo de cada indivíduo e isso muda com o tempo”, explica o cientista.