Artes/cultura
24/01/2018 às 08:31•3 min de leitura
A temporada de premiações do cinema está a todo vapor. No começo do mês, vimos Três Anúncios para um Crime sair como grande vencedor no Globo de Ouro e começar a despontar como favorito ao Oscar — premiação da Academia que é conhecida por dar suas "patinadas" na hora de definir seus ganhadores. Há casos em que nem o próprio vencedor acreditou, de tão absurdo que foi.
Para ilustrar esses equívocos, organizamos uma lista com alguns dos maiores erros proferidos pela Academia:
Enquanto o primeiro é uma obra-prima classificada como um dos melhores filmes já feitos, o segundo não é nem de perto o melhor longa já dirigido por John Ford. Orson Welles era tido como persona non grata em Hollywood, e perder esse prêmio só reforçou essa alcunha.
A Academia premiou de todas as formas o drama de guerra de Spielberg, incluindo melhor diretor. Agora tente explicar qual foi o motivo de entregar o maior prêmio da noite para um simples drama romântico que é completamente esquecível.
Pois é, 1999 foi um ano confuso para o Oscar. Todos davam como certa a vitória de Blanchett, por sua belíssima performance como a rainha Elizabeth no filme de mesmo nome. Mas Paltrow acabou vencendo, e sua reação ao discursar diz muito sobre como foi surpreendente a sua vitória, até mesmo para a própria atriz.
Que Bob Fosse nos perdoe, mas derrotar Coppola e sua obra-prima máxima O Poderoso Chefão é difícil de aceitar. Pelo menos a produção levou os prêmios de melhor filme, ator e roteiro, e Coppola ganhou o de melhor diretor pela continuação, três anos depois.
Todos nós amamos Stallone e seu Rocky Balboa, mas vencer em um ano que tinha Taxi Driver e Todos os Homens do Presidente é no mínimo curioso.
Mais um caso em que nem o vencedor acreditou, tanto que anos depois o diretor Paul Haggis se desculpou por ter tirado de Ang Lee o prêmio de melhor filme, mesmo não sendo sua culpa.
O filme tem três magníficas atuações, principalmente Colin Firth, mas não passa disso, e vencer melhor filme em um ano de Rede Social e Cisne Negro não faz sentido.
É só ler o título do tópico e pensar: “de qual filme eu me lembro?”; outro ponto é que a Academia não iria premiar um filme recheado de palavrões, como Bons Companheiros.
Esses são dois filmes exemplares e que marcaram os anos 90, mas assim como no tópico anterior, a Academia não iria premiar um filme “errado”, que flerta com o gore e com os gostos duvidosos do diretor Quentin Tarantino.
Em um ano com dois épicos, “Gangues de Nova York” e “Senhor dos Anéis: As duas torres”, um musical do não tão bom Rob Marshall saiu com 6 prêmios, incluindo melhor filme.
O prêmio ficou em boas mãos com o alemão A Vida dos Outros, mas seria muito melhor premiar um épico fantástico como O Labirinto do Fauno.
Tommy Lee Jones está espetacular em O Fugitivo, mas Ralph Fiennes e seu comandante sociopata Amon Goth, em A Lista de Schindler, está entre as melhores performances da história.
Um filme que é praticamente 90% CGI ganhar melhor fotografia é no mínimo curioso, principalmente considerando os concorrentes: Robert Richardson, por Bastardos Inglórios, e Christian Berger, por A Fita Branca.
O Artista só ganhou porque a Academia gosta de lembrar seus tempos áureos, do início de Hollywood, porque nada mais justifica o prêmio além de uma fotografia estilizada.
Sean Penn é um monstro de atuação e um poço sem fundo de tantas emoções em Sobre Meninos e Lobos, mas seria bem melhor premiar a sutileza e a delicadeza de Bill em Encontros e desencontros.
Birdman é um filme extremamente difícil de se conceber, principalmente por ser praticamente todo em plano sequência, mas seu concorrente venceu em quase todas as categorias técnicas.
Se existe uma coisa a parabenizar e valorizar em Birdman, é a atuação de Keaton. Ele praticamente interpreta a si mesmo como um ator que vive de glórias passadas como um super-herói, mas o vimos perder para Eddie Redmayne.
Ter ganho 1 ano antes por Birdman já foi duvidoso, mas ganhar de George Miller e sua obra-prima do caos Mad Max: A Estrada da Fúria é pedir demais. Basta olhar o making of para entender a injustiça que a Academia cometeu aqui.
O diretor que revolucionou o suspense e é reverenciado por todos, incluindo a velha guarda (Ilha do Medo, de Scorsese, é um filme de Hitchcock sem Hitchcock), nunca venceu como diretor ou teve algum filme vencedor. Nesse caso, quem saiu perdendo foi a Academia, por não ter dado nada além de um prêmio honorário ao mestre.
Este texto foi escrito por Pedro Henrique via N-experts.