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10/02/2020 às 10:41•2 min de leitura
Festa na rua, na avenida, na praia, na cidade. O Carnaval toma conta do país e, apesar de ter quatro dias especificamente dedicados a ele, há cidades em que a folia começa dias ou meses antes. E se engana quem pensa que o Carnaval hoje seja uma festa “profana” — por mais que possa parecer um pouco contraditório, o Carnaval é, sim, uma festa tipicamente cristã, mas que teve raizes em celebrações pagãs.
Antes mesmo de o Carnaval ser incorporado ao cristianismo, ele já remonta a festas realizadas pelos povos pagãos da Antiguidade, como os gregos, romanos e até mesopotâmicos. Na Babilônia, a Sacéias já despontavam como uma celebração com características do que viria a ser o Carnaval moderno. Na festa babilônica, um prisioneiro era escolhido para substituir o rei durante cinco dias, desfrutando, inicialmente, dos privilégios e do poder real. Mas, a alegria não durava muito e, ao final, o prisioneiro era espancado e executado.
O objetivo da tradição e celebração das Sacéias era, justamente, uma das características herdadas pelo Carnaval, a de inversão do mundo. Até hoje, é comum que no Carnaval as pessoas passem dias fantasiadas ou assumindo papeis sociais diferentes daqueles considerados regulares. As figuras reais da folia também podem ter se originado dessas festas.
Na Grécia e Roma antigas, as festas eram regadas a bebida, comida e prazeres carnais e que também tinham ligação com um culto religioso. Entre as celebrações estava a Lupercália, festa romana celebrada em fevereiro que comemorava a passagem de ano enquanto afastava maus espíritos e realizava uma purificação para garantir a fertilidade. De acordo com historiadores, a Lupercália também pode ter sido inspiração para o Carnaval.
O Festival de Ísis, chamada de Navigium Isidis (navio de Ísis), também deixou herança para o Carnaval como o conhecemos. Apesar de ser uma deusa egípcia, Ísis era muito popular entre gregos e romanos e chegou até Roma com suas festas, que incluíam o uso de máscaras com o objetivo de ocultar a identidade dos participantes. Além das orgias e bebedeiras, o festival tinha diversos símbolos pagãos, como o uso de grandes carros que tomavam as ruas anunciando a chegada de Osíris, marido de Ísis.
Depois de sobreviver às perseguições, o Festival de Ísis foi proibido no século IV, quando o cristianismo passou a ser considerado a religião oficial do Império Romano. Clandestinamente, no entanto, a festa continuou acontecendo, até que teria sido incorporada pela Igreja Católica Romana na Idade Média.
A oficialização do Carnaval como data cristã veio na virada do século VI para o VII, depois de muitas tentativas por parte dos religiosos de acabar com as celebrações pagãs na Europa. Foi o Papa São Gregório Magno que implantou o início do jejum da Quaresma na Quarta-feira de Cinzas para observar quem praticava o costume pagão e quem havia adotado a prática cristã.
Com o tempo, a Igreja percebeu que seria impossível acabar com os "exageros" realizados em fevereiro e decidiu adotar o Carnaval como data oficial e colocá-lo como parte do ano litúrgico. Assim, a festa estava liberada — moderadamente, é claro — para que as pessoas pudessem desfrutar de alguns "desejos carnais" antes de se entregarem ao período de recolhimento, restrição e jejum da Quaresma. O nome moderno, então, pode ter tido origem no latim “carnis levale”, que significa “retirar a carne”.
Hoje em dia, tudo está diferente: são poucas as pessoas que se esbaldam no Carnaval pensando na penitência da Quaresma, mas a festa continua mesmo assim, com a data fazendo parte devidamente do calendário litúrgico cristão. Aliás, você sabe como a data do Carnaval é definida?