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Carnaval do Rio de Janeiro: origens e histórias

10/02/2020 às 10:436 min de leitura

O Carnaval carioca é uma festa popular mundialmente famosa, atraindo todos anos uma multidão de turistas brasileiros e estrangeiros que desejam acompanhar os desfiles das escolas de sambas, participar dos blocos de ruas, bailes e das festas super badaladas que ocorrem na Cidade Maravilhosa. Mas vocês sabem como tudo isso começou?

(Fonte: Marcelo de Jesus/UOL/Reprodução)

História

Além das famosas origens do Carnaval, com inspirações em comemorações pagãs de diversas culturas que depois foram “cristianizadas” pela Igreja Católica, a celebração no Rio de Janeiro também foi muito influenciada pelos portugueses. No livro O Homem e a Guanabara, o autor Alberto Ribeiro Lamego escreveu acreditar que as origens da festa carioca vêm de costumes lusitanos que comemoravam também a Restauração de Portugal. Nelas, eram realizadas passeatas a caráter que contavam até com a presença do governador, seguidas de simulações de combates, corrida de touros e cavalhadas.

Cavalhadas e entrudos: raízes portuguesas no Carnaval do Rio

As Cavalhadas eram um tipo de festa que representava a luta entre mouros e cristãos pela reconquista da Península Ibérica. Cavaleiros com cavalos ornamentados, sendo 12 para os mouros e 12 representando cristãos, encenavam as batalhas travadas na Idade Média.

(Fonte: Jean B. Debret/Reprodução)

Lamego acreditava que a origem do Carnaval carioca vinha destas lembranças que homenageavam tempos heroicos antigos e mesmo não sendo mais tão comuns em muitos lugares, as Cavalhadas ainda acontecem em algumas cidades no interior do nosso país.

Outra celebração portuguesa que serviu de inspiração para a data foi o entrudo. Nele, foliões fantasiados dançam e jogam limões de cheiro, que eram bolas de cera cheias de água perfumada, além de farinha e água nos outros participantes (não lembra muito as famosas bexigas cheias de água e os sprays de espuma que as crianças costumam usar nessa época?).

O pintor Debret retratou os festejos carnavalescos no tempo de D. João VI nas ruas do Rio de Janeiro. A mulher sentada vende os tais limões de cheiro, enquanto um menino usa uma bisnaga para lançar água. As manchas brancas na face da outra moça provavelmente devem ser farinha. (Fonte: Reprodução)

A prática era tão popular que chegava a servir como renda extra para muitas famílias e até a realeza era adepta da brincadeira. Com o tempo, o entrudo passou a ser abolido por ser considerado muito violento.

Bailes e Máscaras

Pintura de Guerave de 1883, retratando um baile de máscaras no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. (Fonte: Reprodução)

Em 1840, enquanto o entrudo rolava nas ruas, a alta sociedade carioca começou a realizar os primeiros bailes de carnaval no Rio de Janeiro. Eles ocorreram primeiramente em hotéis e depois foram para os teatros existentes na época do Brasil Imperial. Sua inspiração vinha dos bailes da Europa, sendo regados com muita bebida e comida. As músicas apresentavam ritmos tipicamente europeus, como a valsa e a quadrilha. As máscaras e fantasias utilizadas nestas ocasiões também se baseavam nas utilizadas nas potências europeias, e foram introduzidas pelos portugueses.

O samba e as influências africanas

(Fonte: Riotur/Reprodução)

Os europeus trouxeram para o Carnaval carioca os bailes de máscaras e fantasias. Mas também existe uma forte influência africana na celebração, provinda dos escravos que os portugueses trouxeram da África. Os negros escravizados tinham o costume de usar máscaras e fantasias feitas de penas, ossos, grama e outros elementos para invocarem seus deuses e afastarem maus espíritos. Com o tempo, isso se tornou parte da cultura local e podemos ver sua presença nos enfeites das fantasias atuais usadas nas comemorações no Rio de Janeiro e em outros locais brasileiros.

Hoje em dia, não se fala em Carnaval no Brasil sem se falar de samba. O ritmo nasceu no oeste africano e era uma forma de consolo para os escravos em momentos de muito sofrimento. Com a abolição da escravatura, muitos dos libertos se estabeleceram em lugares como a Cidade Nova e a Praça Onze, que se tornaram grandes centros desse estilo musical.

Com a popularização do samba, compositores, músicos e passistas passaram a se reunir com regularidade para exibir seus talentos, formando posteriormente clubes e associações que competiam uns contra os outros.

A origem das escolas de samba no Rio de Janeiro

(Fonte: Reprodução)

No final do século XIX, as manifestações do Carnaval foram ganhando novas formas e expressões, e com elas surgiram os primeiros cordões e os ranchos carnavalescos cariocas, que tinham como base muitos elementos da cultura negra. Essas duas formas de celebração serviram como base para os blocos de carnaval e as escolas de samba da cidade.

Os cordões recebiam este nome por seus participantes andarem em fila, cantando e dançando um atrás do outro. Os foliões se fantasiavam de palhaços, diabos, baianas, índios, morcegos e outros personagens e, ao que parece, alguns cordões escolhiam um tema para a fantasia de todo o grupo. Os participantes eram conduzidos por um mestre que usava um apito como comando. O som ficava por conta de um grupo que contava apenas com instrumentos de percussão.

Foto dos integrantes do Cordão da Bola Preta no Rio de Janeiro. (Fonte: Reprodução)

Os cordões ficaram famosos a partir de 1902 e cerca de 200 foram licenciados pela polícia da capital do estado. A criatividade brasileira já estava presente desde aquela época, com alguns recebendo nomes como "Destemidos do Catete" e "Triunfo da Glória". Em 1906, o jornal Gazeta de Notícias organizou o primeiro concurso de cordões da cidade.

Em 1911, os cordões passaram a entrar em declínio, com os ranchos ganhando mais importância. Porém, em 1918, surgiu o famoso Cordão do Bola Preta, que mesmo não sendo considerado por muitos como um cordão de verdade, tinha como missão revigorar e reviver as tradições desse tipo de manifestação que estava desaparecendo. O Bola Preta existe até hoje, sendo o bloco mais antigo do Rio de Janeiro.

(Fonte: Reprodução)

Já os ranchos eram formas de cordões mais organizados e luxuosos. Eles utilizavam violões, cavaquinhos, flautas e clarinetas para embalar seus mestres-salas, como uma espécie de ala coreografada.

Em 1928, a primeira escola carioca de samba, a Deixa Falar, foi fundada no bairro de Estácio, no centro do Rio de Janeiro. Com o passar dos anos, novas escolas foram surgindo e a competição entre elas ocorria na Praça Onze.

Porém, elas só passaram a ser oficialmente reconhecidas em 1935, entrando de vez para a programação turística oficial da cidade e desfilando pela Avenida Rio Branco. O sucesso das escolas levou o Departamento de Turismo do Rio a construir arquibancadas e implementar a venda de ingressos em 1962, e 22 anos depois, o famoso Sambódromo carioca foi inaugurado.

O espaço foi um projeto do famoso arquiteto Oscar Niemeyer e possui 85 mil metros quadrados. Desde então, as competições do grupo especial e dos grupos de acesso das escolas de samba do Rio de Janeiro acontecem ali.

Carnaval Rio 2020

(Fonte: Fernando Maia/Riotur/Reprodução)

Como já mencionamos no começo da matéria, o Rio de Janeiro é uma das localidades mais badaladas para o feriado de Carnaval. O estado conta com várias formas de diversão, principalmente na capital, e a variedade de eventos promete agradar todos os públicos.

Lembrando sempre que existem vários acontecimentos pré-carnavalescos que rolam por toda a cidade do Rio antes da data oficial, então, se estiver por lá nesse período, não deixe de aproveitar a chance de curtir alguns deles!

Para quem curte samba

(Fonte: Reprodução)

Antes da festa oficial começar, uma boa ideia é curtir o Terreirão do Samba, um espaço ao ar livre que traz de volta a atmosfera de como tudo começou na Praça Onze. O local é considerado por alguns historiadores como o berço do ritmo no Rio de Janeiro e fica perto do Sambódromo.

Ele foi criado por Tia Ciata (uma figura muito importante na história da cidade, que possui fortes ligações com a cultura afro religiosa), seus seguidores, amigos e companheiros de religião. O local possui um ambiente descontraído e sua programação variada inclui atrações todas as noites.

Mas quando a festa oficialmente começar, no Sambódromo, estão programados quatro desfiles diferentes.

(Fonte: Reprodução)

Na sexta-feira e sábado, 21 e 22 de fevereiro, é dia das escolas de samba do Grupo Série A mostrarem o que prepararam para este ano. O legal é que a vencedora entre as 14 concorrentes terá a chance de desfilar no Grupo Especial em 2021!

No domingo e na segunda-feira, dias 23 e 24 de fevereiro, as escolas de samba do Grupo Especial farão o seu desfile. Ele é um dos destaques do Carnaval na cidade, o que torna essas duas noites muito importantes.

(Fonte: Riotur/Reprodução)

O dia 25 de fevereiro, terça-feira de carnaval, é reservado para as escolas de samba mirins. É momento para ver as próximas gerações mostrando seu talento e aproveitando o espírito da folia. O legal é que, para participarem, todos os pequenos devem comprovar que estão matriculados na escola, pois é feito um trabalho social muito interessante dentro das comunidades ao longo do ano, com o combate à evasão escolar sendo um grande foco. Como prêmio pelo ano de estudos, os jovens sambistas podem desfilar pelas suas respectivas "escolinhas de samba".

(Fonte: Reprodução)

No sábado seguinte, 29 de fevereiro, ocorre o Desfile das Campeãs, que são as seis primeiras colocadas do Grupo Especial, mostrando todo seu esplendor novamente, com direito a fogos de artifício e muita felicidade.

Bailes

É óbvio que algumas tradições nunca morrem e a Cidade Maravilhosa não deixou de oferecer diversos bailes que acontecem antes e na época do carnaval. Normalmente, os preços dos ingressos são bem acessíveis e ocorrem em lugares fáceis de chegar. A exceção é o famoso evento no hotel Copacabana Palace, o mais luxuoso da cidade. Ele é voltado para aqueles que querem curtir a data sem abrir mão da sofisticação. Para participar, o traje obrigatório é black-tie ou fantasia de luxo. Entre os participantes, é possível encontrar personalidades famosas locais e internacionais.

Foto de um dos famosos bailes de Carnaval no Copacabana Palace (Fonte: Reprodução)

Mas se quiser algo menos sofisticado e igualmente divertido, locais como o Clube dos Caiçaras e o Hard Rock Café também organizam bailes super animados para adultos e crianças.

(Fonte: Reprodução)

Na maioria desses eventos, não é obrigatório usar fantasia e eles sempre pedem que as pessoas usem roupas confortáveis e adequadas ao calor que faz na cidade durante o Carnaval.

Festas de rua e ritmos diferentes

(Fonte: Reprodução)

A Lapa, talvez por ser o bairro mais eclético da cidade, apresenta durante o feriado um verdadeiro festival de música experimental no qual o público pode conhecer novos ritmos e estilos, mas o samba também estará presente todos os dias. A melhor parte é que o evento, além de muito divertido, é gratuito. As celebrações vão rolar de sexta à terça, 21 a 25 de fevereiro, começando às 20h e terminando só quando o último folião for para casa!

(Fonte: Reprodução)

Já as festas de rua começam como eventos pré-carnavalescos e duram até a terça-feira de Carnaval. São sempre muito alegres e espontâneas, sendo a maior e mais organizada a que ocorre na praça da Cinelândia. Bares e calçadas viram ponto de encontro entre amigos, e a descontração e diversão são garantidas até o último participante.

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