Artes/cultura
07/04/2020 às 05:00•2 min de leitura
Os Ainus de Hokkaido, no Japão, até alguns anos atrás não eram nem sequer considerados como povos indígenas da Terra do Sol Nascente. Isso mudou em 2008, quando veio o reconhecimento por lei, depois de um longo período de discussões e o entendimento de que as histórias de exclusão desse povo indígena fizeram com que sua cultura quase desaparece.
(Fonte: Missouri History Museum / Wikimedia Commons)
Existem muitas teorias e histórias que tentam explicar qual é a origem dos Ainus. Entretanto, ainda hoje as incertezas permanecem. O que se sabe é que eles foram os primeiros habitantes da região norte do Japão, onde atualmente é Hokkaido. Eles também residiram nas ilhas Sakhalin e Curil, localizadas na costa leste da Rússia.
A religião e devoção dos Ainus consistia na reverência dos lobos e dos ursos, além da adoração aos deuses, que julgavam estar encarnados em elementos naturais, como a água, vento e fogo. No século XV, japoneses foram em busca de grupos de Ainus para promoverem negócios. Porém, esse contato não foi muito bom e conflitos surgiram. E não foram episódios isolados, já que há registros de batalhas entre os dois grupos datados de 1457 a 1789.
(Fonte: Britannica/Reprodução)
O fim dos conflitos chegou com a Batalha de Kunasiri-Menasi, ocorrida em 1789, quando, enfim, os japoneses conquistaram os indígenas. O fato é que quanto mais o Japão crescia, mais os Ainus eram empurrados para territórios situados cada vez mais ao norte. Em um determinado momento, esse povo indígena ficou praticamente restrito à ilha de Hokkaido.
No século XIX, o Japão passava por um intenso trabalho de modernização, ao mesmo tempo em que o sentimento nacionalista crescia. Foi em 1899 que o governo, impulsionado por essa ideia, criou uma lei para facilitar a assimilação do povo Ainu.
A relação entre os japoneses e os Ainus não se distanciou tanto de outras já conhecidas entre os povos indígenas e o mundo civilizado. Ou seja, como esses grupos eram considerados povos não civilizados e primitivos, eles estavam fadados a desaparecer. E isso quase ocorreu.
O renascimento da cultura Ainu ganhou força nas últimas décadas. A língua praticada, por exemplo, foi considerada pela UNESCO como língua ameaçada — estima-se que existam menos de seis falantes nativos. A lei de 1899 não existe mais e há um forte trabalho de promoção, divulgação e aprendizado da cultura Ainu sendo feito por uma série de entidades japonesas.