Artes/cultura
18/05/2020 às 05:00•2 min de leitura
Quem nunca ficou de olho no calendário do próximo ano para conferir como ficam os feriados e a data do aniversário? Saber se vai dar para emendar alguns dias de descanso, ou chamar todos os amigos para comemorar no sábado sempre é uma boa surpresa. Mas essas variações de ano em ano acontecem por que seguimos o calendário gregoriano.
Criado em 1582, pelo Papa Gregório, o atual calendário (que destronou o calendário juliano e o romano) teve um oponente à altura: o calendário com 13 meses. A proposta foi criada em 1902, por Moses B. Cotsworth, funcionário da ferrovia britânica. Ele procurava uma maneira de organizar mais facilmente os livros de registro da empresa, o que era complicado com meses quebrados e dias variantes.
Seu projeto trazia semanas exatamente iguais, distribuídas em 13 meses, com 28 dias cada. A maior novidade seria o novo mês, chamado de Sol, encaixado entre junho e julho, além de um dia “solto” a cada quatro anos, que seria um feriado universal chamado “Dia do Ano”. Todos os outros feriados seriam movidos para uma segunda-feira, o que traria uma série de finais de semana de três dias para a humanidade.
O modelo do calendário de 13 meses
Dessa forma, os dias do mês cairiam sempre no mesmo dia da semana. Quem nascesse em uma segunda-feira, nunca teria a chance de fazer a festa em um sábado por exemplo. O primeiro dia do ano seria sempre no domingo e o Natal sempre seria na quarta-feira. Todos os meses teriam sextas-feiras 13, provando que racionalidade não dá lugar a superstições.
A nova divisão anual ganhou popularidade entre empresários de logística e transportes. O maior apoiador foi, sem dúvidas, o fundador da Kodak e pioneiro da fotografia, George Eastman, que aplicou a proposta na empresa entre 1924 e 1989. Durante esse período, os funcionários se dividiam entre o calendário gregoriano na vida pessoal e a proposta de Cotsworth no trabalho.
O calendário usado na Kodak por vários anos
Apesar de não adotar os novos feriados e divisões mensais, a equipe da Kodak transformou o novo calendário em uma ferramenta organizacional para basear o planejamento de finanças e programação de produção. O ano foi dividido em 13 períodos, nomeados de período 1 a 13.
Eastman se juntou a Cotsworth para divulgar a proposta de 13 meses pelos Estados Unidos e criou a sede da liga do calendário em Rochester, no escritório da Kodak. A iniciativa incluia imprimir folhetos explicativos com a nova divisão para distribuir para os futuros adeptos.
Eles chegaram a apresentar a proposta no Congresso norte-americano, o que fez o assunto chegar até a Liga das Nações, precursora da Organização das Nações Unidas (ONU). A Liga estava analisando 185 diferentes projetos de calendário, e a proposta de 13 meses era uma das poucas finalistas.
Em 1929 a proposta avançava como uma solução para a modernidade
Em 1932 Moses B. Cotsworth faleceu e ainda não havia um consenso sobre o novo calendário. Entre muitas discussões e análises da Liga das Nações, o assunto se tornou menos urgente com a elevação das tensões que originaram a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. Desde então, há discussões entre o sistema métrico e o imperial, mas as datas foram deixadas de lado, para o bem dos feriados religiosos.
Como quase tivemos um calendário 'racional' com 13 meses via TecMundo