Artes/cultura
27/05/2020 às 03:00•2 min de leitura
Comprovada como mais um dos itens comercializados no mercado negro, a tábua de Gilgamesh, adquirida em 2014 pela rede norte-americana de estabelecimentos artísticos, Hobby Lobby, será devolvida ao berço iraquiano, de onde foi saqueada em 2003, quando vendida por um suposto traficante de itens valiosos. Adquirida por cerca de US$ 1,6 milhão em um leilão, a peça configurará, para a galeria estadunidense, mais uma multa por compra de objetos improcedentes.
A ação contra Steve Green, presidente do Hobby Lobby, ocorreu no segundo semestre de 2019, contando com uma multa de US$ 3 milhões por compra ilegal do artefato, atualmente em exibição no Museu da Bíblia de Washington D.C. O diretor foi acusado de fraudar a origem da tábua ao afirmar que havia sido comprada em uma casa de leilões antes mesmo da década de 80 do século passado.
Foi somente após uma investigação minuciosa que a real história da tábua foi apresentada, tendo sido repassada por Ghassan Rihani, ex-chefe da Associação de Antiguidades da Jordânia, após entrar em contato com o contrabandista e vender, juntamente à tábua de Gilgamesh, mais uma enorme variedades de documentos históricos saqueados de sítios do território iraquiano, coletados desde a invasão ao Kuwait, em 1991.
(Fonte: Museu da Bíblia/Reprodução)
"Sempre que for encontrada propriedade cultural saqueada neste país, o governo dos Estados Unidos fará todo o possível para preservar a herança, devolvendo esses artefatos aonde pertencem", disse Richard Donoghue, advogado responsável por conduzir o processo de recuperação do objeto, em comunicado, também afirmando que a Hobby Lobby teria comprometido "a confiabilidade da procedência" após falsificar documentos sobre a origem da aquisição.
Após a confirmação de que a tábua de Gilgamesh foi obtida através de meios ilegais e com suporte de comerciantes do mercado negro, apenas recentemente, um ano após a multa, foi concluído o processo, indicando o confisco do item do museu e direcionando todo o suporte para reenviá-lo ao Iraque.
Artefato cultural valioso, a tábua, também conhecida como Gilgamesh's Dream Tablet (Tábua dos Sonhos de Gilgamesh, em tradução livre), contém um dos poucos fragmentos dos contos narrados de Gilgamesh para sua mãe. Datada de 1.600 a.C., especula-se que foi encontrada em território assírio no ano de 1853.