Estilo de vida
03/09/2020 às 10:00•5 min de leitura
No último final de semana, a Globoplay, app de streaming da Rede Globo, disponibilizou a novela A Indomada: escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares e transmitida no clássico horário das 8 horas da noite, ela retratava o cotidiano de Greenville, uma pequena cidade nordestina colonizada por ingleses.
Além de Maria Altiva, Helena, Teobaldo e outros personagens, Greenville também era habitada por aquele que intrigou o público durante meses: o Cadeirudo. Com seu andar característico, ele assombrava as mulheres da cidadezinha nas noites de lua cheia — muita gente arrancava risada dos amigos imitando o personagem na época.
Ao longo da novela, eram oito suspeitos. Durante uma parte da trama, acreditava-se que o culpado pelas assombrações era o deputado Pitágoras (Ary Fontoura). Mas, na reta final da história, que foi ao ar em outubro de 1997, o mistério foi revelado e causou surpresa no público.
Como revelação de mistério de novela (ainda mais depois de 22 anos...), não é spoiler, a gente conta a resposta para você: o Cadeirudo era Lurdes Maria (Sônia de Paula). A beata encarnava a assombração simplesmente para assustar as mulheres da cidade. Como pena por seus crimes, a Juíza Mirandinha (Betty Faria) mandou Lurdes Maria passar por um tratamento psiquiátrico.
A beata Lurdes Maria (Sônia de Paula) era o Cadeirudo, em A Indomada
Mas saber "quem era o Cadeirudo?" não foi o único mistério que intrigou os fãs de novelas. Confira outras histórias que também viraram assunto entre os telespectadores e fizeram o Brasil parar para saber a resposta.
A Mulher de Branco assombrava os homens de Santana do Agreste (Fonte: Canal Viva/Reprodução)
Você talvez fique surpreso em saber que o mistério do Cadeirudo, na verdade, é só uma nova versão de uma história bem parecida, criada pelos próprios Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares alguns anos antes, em Tieta. A diferença é que, na novela de 1989, a "Mulher de Branco" atacava os homens da cidadezinha de Santana do Agreste. Alguns deles até ficavam felizes depois da assombração. Aguinaldo ainda ia reciclar esse plot com o mistério do Sufocador, na novela Duas Caras (2007) — mas esse último é bem menos lembrado.
Laura (Claudia Alencar) era a Mulher de Branco. Na verdade, a revelação foi tão inesperada que é considerada um furo no roteiro de Tieta por alguns fãs. Isso porque, durante as aparições, a personagem Laura podia ser vista em outras cenas (ou seja, era impossível que ela estivesse nos dois lugares ao mesmo tempo). Durante toda a novela, as identidades mais prováveis da Mulher de Branco eram as beatas Amorzinho (Lília Cabral) e Cinira (Rosane Goffman), a sofrida Tonha (Yoná Magalhães) e a solteirona Carmosina (Arlete Salles) — elas, inclusive, tinham mais "motivos" para atacar homens do que Laura, muito bem servida por seu marido, o Comandante Dário (Flávio Galvão).
O conteúdo da caixa da Perpétua era outro mistério da novela Tieta (Notícias da TV/Reprodução)
Saber quem era a Mulher de Branco não era o único mistério da novela Tieta. Os moradores de Santana do Agreste (e o público, claro!) também ficaram muito curiosos para saber o que a beata Perpétua (Joana Fomm) guardava em uma caixa branca, que ficava dentro de seu guarda-roupa. Ao longo dos 197 capítulos, várias cenas de Perpétua abrindo a caixa e admirando seu conteúdo intrigaram os fãs.
Ninguém sabe. Existe uma lenda urbana de que a caixa da Perpétua guardava o pênis de seu falecido marido, o major Cupertino. Mas, na verdade, o roteiro da novela nunca deixou isso explícito, apenas sugerido. No último capítulo, após se vingar da irmã malvada e escorraçá-la da cidade, Tieta abre a caixa e expõe seu conteúdo para todos os moradores. As cenas mostram apenas os personagens com a maior cara de supresa, mas ninguém diz o que havia lá dentro.
Crô (Marcelo Serrado) tinha um amante secreto, na novela Fina Estampa (Fonte: TV História/Reprodução)
Mais uma novela de Aguinaldo Silva com um mistério que intrigou os fãs, Fina Estampa está sendo reprisada no horário das nove da Rede Globo, já que as novelas inéditas tiveram suas gravações interrompidas por causa da pandemia. Um dos personagens principais da história, Crô (Marcelo Serrado) era o mordomo gay afetado da vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni). Apenas o corpo do seu amante aparecia nas cenas, criando um mistério que movimentou a audiência, na época.
Ninguém sabe. Sim, Aguinaldo se reciclou de novo e criou o mesmo final do mistério anterior para esse aqui. No último capítulo, Crô até mesmo quebra a quarta parede e diz: "Assim como o segredo de Perpétua, na novela Tieta, meu segredo também não será revelado para vocês". Porém, no filme sobre o personagem que foi lançado alguns anos depois, o roteirista revelou que o namorado de Crô era um irmão gêmeo de um capanga de Tereza Cristina...
A identidade do amante de Crô não era o único mistério de Fina Estampa. A novela também dedicou vários capítulos ao tal "segredo de Tereza Cristina", que motivou a vilã a matar várias pessoas. Num primeiro momento, descobriu-se que ela era filha da empregada e não dos patrões, como dizia. Depois, no final da novela, foi revelado que ela era mesmo filha do marido de sua tia Íris (Eva Wilma), que pulou a cerca — ou seja, o próprio plot twist foi "plot-twistado". A tia (também malvada) enganou a vilã durante toda a novela. Pois é. Esse redator que vos escreve não gostava nadinha de Fina Estampa e acha esses mistérios totalmente sem pé, nem cabeça.
O grande mistério de Torre de Babel (1998) era descobrir quem explodiu o shopping (Fonte: Observatório da TV/Reprodução)
Um dos principais cenários de Torre de Babel era o shopping center Tropical Towers, construído pelo empresário rico da novela, César Toledo (Tarcísio Meira). Logo nas primeiras semanas da novela, o shopping explodiu, matando vários personagens e lançando a pergunta que inquietou os telespectadores por meses.
Sandrinha (Adriana Esteves) explodiu o shopping. Clementino (Tony Ramos) planejou a explosão para se vingar de César, mas desistiu na última hora, porque estava se regenerando. Sandrinha, filha dele, roubou os explosivos e mandou o shopping pelos ares mesmo assim. Ela odiava o pai por ter matado sua mãe, anos antes, após uma traição.
Adalberto era o assassino do horóscopo chinês, que aterrorizou metade do elenco de A Próxima Vítima (Fonte: TV Globo/Reprodução)
Como o título da novela sugere, sempre tinha mais alguém para morrer na novela... A cada mês, mais ou menos, um personagem era eliminado — o único fato que ligava todas as mortes da novela é que as vítimas recebiam uma lista do horóscopo chinês e eram seguidas por um carro Opala preto.
Depende. Isso porque a Globo gravou vários finais, para despistar a imprensa e exibiu versões diferentes cada vez que a novela passou. Na exibição original, o assassino é Adalberto (Cécil Thiré): ele cometeu um primeiro homicídio, em 1968, e matou o resto das pessoas, anos depois, como queima de arquivo.
Nos outros países em que a novela foi transmitida e na reprise, o culpado era Ulisses (Otávio Augusto). Detalhe: o personagem é uma das vítimas do assassino. Mas, nessa versão, Ulisses forja a própria morte e mata o resto das pessoas por vingança.
A gente deixou de fora dessa lista mistérios do tipo "quem matou", como o clássico "quem matou Odete Roitman", de Vale Tudo (1988) para que o post não ficasse ainda mais longo do que já ficou. Mas, quem sabe, numa próxima a gente fala sobre esses outros mistérios!