Ciência
24/11/2020 às 13:00•2 min de leitura
Anualmente, inúmeros habitantes da Índia se reúnem para celebrar o Diwali, a festa religiosa hindu popularmente conhecida como “festival das luzes”. Em meio a roupas cheias de cores, danças, comidas e muita alegria, o evento marca uma data importante para a população, simbolizando a destruição do mal e a purificação dos corpos presentes, e encerrando de forma peculiar: através de uma batalha de cocô.
Segundo a tradição local, o Gorehabba consiste em uma guerra intensa e “cooperativa” em que a única arma são as fezes preservadas de vacas. Durante parte do dia, diversos participantes começam a estocar quilos de cocô dos animais em suas casas, que são devidamente utilizados para os propósitos exóticos da celebração.
Apesar do conceito ser aparentemente voltado ao lazer, a ideia por traz do Gorehabba é recheada de significados importantes para os indianos. No país, estrume de vaca é uma das principais matérias-primas para a fabricação de diversos itens de beleza, acessórios e bases artesanais, além de estar relacionado com a cura de doenças e de mazelas espirituais.
Aparentemente, as fezes bovinas foram o berço para o nascimento da divindade Beereshwara Swamy, uma das formas conhecidas de Shiva, indicando a proposta de renascimento humano e da vitória do bem sobre o mal. O Diwali também comemora a destruição de Narakasura por Sri Krishna, sendo uma época de votos de sacrifício e de recolhimento.
Após ser armazenado em inúmeras casas localizadas no vilarejo de Gummatapura, na fronteira entre os estados de Karnataka e Tamil Nadu, o estrume é empilhado e transportado por gados cerimoniais enfeitados com flores de calêndula, que levam o material para um templo local, onde será abençoado por um sacerdote.
Em seguida, a arte das vacas é carregada diretamente para um campo aberto, resultando em massas de toneladas de esterco já preparadas para serem arremessadas. Então, em meio a muita empolgação, começa uma intensa e épica batalha para que cada participante se banhe no cocô sagrado, tudo para respeitar uma tradição que exala alegria, fé e certamente um cheiro nada agradável.