Ciência
08/02/2021 às 05:00•2 min de leitura
As Plêiades, um aglomerado de estrelas jovens e azuis conhecidas também como “As Sete Irmãs”, eram filhas de Atlas e Pleione, segundo a mitologia grega: Alcíone, Asterope, Electra, Maia, Mérope, Taigete e Celeno. Mas a constelação tem seis, não sete estrelas. Segundo os gregos, Mérope se tornou humana; para o astrônomo britânico Ray Norris, da Western Sydney University, o tempo a escondeu – mas, há cem mil anos, ela ainda iluminava a noite.
“Muitas culturas ao redor do mundo falam das Plêiades como as ‘sete irmãs’. Depois de estudar de perto o movimento das estrelas, acreditamos que essas histórias podem remontar a uma época em que a constelação era bem diferente”, disse ele, em um artigo para o site The Conversation.
O mito grego fala das sete filhas do titã Atlas e da ninfa Pleiane. Condenado a carregar, por toda a eternidade, o mundo sobre os ombros, ele nada pôde fazer para impedir que elas fossem violentadas pelo gigante Órion. Zeus então transformou as irmãs em estrelas – Mérope, porém, se apaixonou por Sísifo e, como humana, viveu na Terra.
Norris, com o físico Barnaby Norris, encontrou ecos da narrativa em outras culturas e em outros tempos: “Histórias sobre a ‘estrela perdida’ estão nas culturas europeia, africana, asiática, indonésia, americana nativa e australiana aborígene, e muitas consideram o aglomerado como tendo sete estrelas, mas reconhecem que apenas seis são visíveis, com uma história para explicar o desaparecimento. Como elas compartilham as mesmas histórias?”
Para Norris, “todos os humanos modernos descendem de pessoas que viveram na África antes de iniciarem suas longas migrações pelo globo, há cem mil anos. Será que o mito das sete irmãs seria tão antigo?”, questiona o astrônomo.
As evidências científicas dessa hipótese vieram do telescópio espacial Gaia e de simulações que retrocederam no tempo e mostraram que Pleiade e Atlas, duas estrelas que hoje estão tão coladas que parecem uma só, há cem mil anos eram distinguíveis.
“Você tem duas evidências circunstanciais que, juntas, constroem uma hipótese interessante”, disse Norris ao site LiveScience.
Há, porém, quem discorde. Para o astrônomo Bradley Schaefer, da Louisiana State University, além de ser inerente ao ser humano personificar a natureza, a dupla de autores da Western Sydney University usou dados desatualizados para simular o céu há cem mil anos: as duas estrelas estariam duas vezes mais próximas e pareceriam, como hoje, uma só.
Mas Norris também se apoia no fato de que o brilho das estrelas também variou ao longo do tempo: hoje quase apagada, Pleione seria muito mais visível nos céus ancestrais. “É possível que a hipótese esteja correta, mas ela não é muito convincente”, disse Schaefer à Live Science.