Estilo de vida
22/04/2021 às 09:00•2 min de leitura
Pesquisadores do Instituto Arqueológico Austríaco encontraram no sítio arqueológico de Tel Lachish, Israel, uma inscrição de cerca de 3.470 anos que pode ser caracterizada como um "elo-perdido" da história do alfabeto.
Antes dos especialistas vasculharem as terras de Israel, acreditava-se que a evidência de alfabeto mais antigo encontrado datava da 12ª dinastia (por volta de 1981 a.C. a 1802 d.C.), quando um sistema de letras adotado por gregos, romanos e, posteriormente, por outras culturas foi revelado no Egito. Agora, o novo achado aponta para um detalhe que era considerado uma "lacuna" durante os estudos, sugerindo que há uma conexão entre os primeiros exemplos de alfabeto e os registros de Tel Lachish.
A inscrição recém-descoberta faz referência ao ano de 1450 a.C. e aponta um direcionamento sobre como o alfabeto se deslocou do Egito para o Levante do Sul, uma grande área do Oriente Médio que inclui os atuais territórios da Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e Chipre. Segundo os dados, os povos hicsos, tribo semita asiática que governou o Egito entre 1638 a.C. e 1530 a.C., foram os principais responsáveis por disseminar as antigas letras durante seu domínio.
O fragmento encontrado no sítio arqueológico contém duas palavras formadas respectivamente pelas inscrições "ayin", "bet" e "dalet", e "nun", "pe" e "tav", que integram o alfabeto semítico — base dos alfabetos hebraico, árabe e fenício — e foram adaptadas para versões mais modernas utilizadas atualmente na Península Arábica. Parte dessas letras foi escrita em formato de hieróglifos, tornando seu significado ainda mais misterioso.
(Fonte: Academia Austríaca de Ciências - Antiquity / Reprodução)
O fragmento seria considerado um "elo-perdido" exatamente por ocupar um espaço histórico entre 3.300 e 3.900 anos em que pouco se sabe sobre os fundamentos da escrita alfabética e sua forma de deslocamento entre os continentes. Além disso, parte dessa lacuna faz referência à própria semântica das palavras, como no caso do vocábulo "escravo", que apesar de haver menção do termo no documento, não se sabe com certeza sobre o que estava falando.
Em meio a incertezas, os pesquisadores ainda seguem trabalhando nas análises de material, na tentativa de preencher registros significativos e ainda vazios que possam contribuir com a história do alfabeto.