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09/05/2021 às 12:00•3 min de leitura
Na madrugada de 10 de maio de 1941, o fazendeiro escocês David McLean encontrou um avião alemão em chamas em seu campo e um paraquedista que se identificou como sendo o capitão Rudolf Hess, um antigo e leal amigo de Adolf Hitler. Além disso, ele era também o vice-Fuherer do Terceiro Reich, atrás apenas de Hermann Goering, líder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Ainda é considerado um mistério o motivo da aparição de Hess em solo escocês, em uma missão descrita por ele como sendo de paz, apenas algumas semanas antes da catastrófica tentativa de invasão alemã à União Soviética na Operação Barbarossa. Por que Hess viajou milhares de quilômetros sozinho para aterrissar em solo inimigo no ápice da Segunda Guerra Mundial?
Ele foi capturado pelos britânicos e mantido prisioneiro pelo resto da guerra antes de ser condenado no Tribunal de Nuremberg em 1946, morrendo aos 93 anos na Prisão de Spandau, em 1987.
Sua presença foi um dos incidentes mais esquisitos da guerra, e a busca por explicações começou na manhã seguinte ao evento e perdura até hoje.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Naquela época, uma das dúvidas que surgiram para o comportamento de Hess foi de que Hitler sabia o que ele estava fazendo, por isso não teria agido para detê-lo. Logo, especulou-se que ele poderia ser uma espécie de emissário do líder.
Contudo, quando interrogado pelos britânicos, o próprio Hess alegou que Hitler em nada sabia sobre suas intenções, e que ele voou até à Escócia por iniciativa própria. Para embasar essa alegação, há evidências de que Albert Speer, Ministro do Armamento da Alemanha nazista, teria sofrido com a ira incontrolável de Hitler depois que ele descobriu sobre a fuga de Hess. Inclusive, há anotações no diário de Josef Goebbel dizendo que Hitler queria que Hess fosse fuzilado por traição.
(Fonte: BBC/Reprodução)
Foi para Karlheinz Pintsch, o ajudante sênior de Hess e seu principal cúmplice, para quem vice-Fuherer escreveu agradecendo por ele permanecer em silêncio. Certamente Pintsch sabia das motivações de seu superior, porém ele nunca revelou nada, nem mesmo sob tortura. O máximo que ele repassou foi que Hess havia deixado uma carta para Hitler explicando os motivos de sua partida.
O mais intrigante, porém, era que Hess não poderia ter voado pelos céus da Alemanha sem que a FLAK, uma enorme organização antiaérea alemã treinada rigorosamente em reconhecimento de aeronaves, tivesse reportado sua movimentação suspeita pelo espaço aéreo do país. Em adição a isso, era também impossível que Hermann Goering não tivesse sido notificado, tanto quanto permanecido em silêncio diante de Hitler.
(Fonte: The Scotsman/Reprodução)
Quando a operação alemã de invasão à União Soviética aconteceu, em junho de 1941, Josef Stalin se convenceu de que a Grã-Bretanha estava associada aos alemães. Para ele, o voo de Hess havia sido planejado pela inteligência britânica tendo o duque de Hamilton como intermediário, visto que Stalin não acreditou no aviso urgente dos britânicos sobre o ataque em abril daquele ano.
Mesmo com os esforços dos britânicos para angariar suprimentos de guerra para a União Soviética, Stalin seguiu convicto das alianças escusas da Grã-Bretanha. Ele não conseguia entender como os britânicos não processaram Hess como criminoso de guerra ou o assassinado, em vez de mantê-lo em um quarto confortável até o dia de seu julgamento.
Em 1991, o Comitê de Segurança do Estado (KGB) afirmou que o duque de Hamilton não estava envolvido com Hess, e que cartas falsificadas com sua assinatura foram enviadas ao piloto pelo MI6 com a intenção de atraí-lo para a Grã-Bretanha.
(Fonte: Art.com/Reprodução)
Hugh Thomas, um ex-cirugião do Exército, espalhou a possibilidade de que não foi Rudolf Hess quem voou até à Grã-Bretanha naquele 10 de maio de 1941, mas sim um impostor, e de que o verdadeiro Hess havia sido assassinado. Em setembro de 1973, Thomas teria feito uma visita ao homem na prisão de Spandau, porém não conseguiu encontrar as marcas das balas que ele adquiriu na Romênia durante a Primeira Guerra Mundial.
Thomas sustentou essa teoria alegando que Hess decolou de Augsburd-Haunstetten em uma aeronave Messerchmitt Bf109 codificada como NJ + C11, que foi derrubada por outra da mesma classe e substituída por uma NJ + OQ, com um impostor ao volante. Entretanto, parece que o código NJ + C11 nunca existiu em registros militares ou civis dos alemães.
Enquanto isso, Ivone Kirkpatrick, especialista do Ministério das Relações Exteriores na Alemanha, afirmou que era sim o Rudolf Hess verdadeiro que pousou na Escócia naquele dia. Ela disse que Hess escreveu para sua família e amigos em diversas ocasiões, e que suas cartas possuíam detalhes pessoais que só ele poderia saber. Há também o fato de que qualquer impostor não aceitaria prisão perpétua sem revelar sua verdadeira identidade ao mundo.
Em meio a tantas teorias, nenhum historiador conseguiu descobrir o motivo de Rudolf Hess ter cometido uma manobra tão suicida como aquela, especialmente em um cenário em que a guerra ainda estava longe de acabar.