Operação Red Dog: quando supremacistas tentaram derrubar um governo

12/06/2021 às 06:002 min de leitura

Em 27 de abril de 1981, cidadãos canadenses e norte-americanos afiliados a grupos de supremacia branca, incluindo a Ku Klux Klan (KKK), colocaram em prática a "Operação Red Dog", cujo intuito era derrubar o governo de Dominica através de um plano de obstrução militar, restaurando o ex-Primeiro-ministro negro Patrick John ao poder. Surpreendentemente, o político populista afastado do governo queria tanto voltar ao cargo e derrubar a Primeira-ministra Mary Eugenia Charles, que optou por trair o próprio país e estava disposto a entregá-lo de bandeja aos supremacistas.

No comando da operação estavam o americano Mike Perdue, o neonazista alemão-canadense Wolfgang Droege e o contrabandista de armas de Barbados, Sydney Burnett-Alleyne.

Desejo de dominação

(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)

Com um arsenal de armas automáticas, rifles, espingardas, revólveres, dinamites, muitas munições e uma enorme bandeira nazista em preto e branco, o plano era alugar um barco para Dominica junto com vários botes com o pequeno exército que formaram. Financiados por Martin K. Weiche e James White e L. E. Matthews, Perdue e Roger Dermee receberam cerca de US$ 3 mil para visitar o país insular e fazer um longo reconhecimento de território.

Quando o capitão da tripulação desistiu do projeto, Perdue chegou a abordar um capitão de barco local e veterano da Guerra do Vietnã, Michael S. Howell, alegando que precisava de seu barco para uma operação secreta feita pela Departamento Federal de Investigação (FBI).

(Fonte: LiveJournal/Reprodução)(Fonte: LiveJournal/Reprodução)

Howell contatou a Agência de Álcool, Tabaco e Armas (ATF) dos Estados Unidos e contou sobre o que ouviu. Em 25 de abril, Patrick John foi preso em Dominica, e Perdue entendeu que a missão já não era mais secreta – mesmo assim ele insistiu em continuar.

Na noite amena de Nova Orleans, em 27 de abril, o grupo partiu das docas de Crescent City e se encontrou com os demais grupos entre o Rio Mississipi e o Golfo do México para irem juntos para as praias do Caribe, rumo a proclamar a própria superioridade branca e fundar um etnoestado. Além disso, a operação visava conquistar Dominica como uma forma de estar mais próximo do objetivo de invadir Granada. Os insurgentes queriam estabelecer bordéis, bares, o tráfico de drogas offshore, cassinos e outros tipos de atração turística para criar uma espécie de "Jardim do Éden da depravação branca".

O fracasso do ego

(Fonte: Global News/Reprodução)(Fonte: Global News/Reprodução)

Naquela mesma noite, o grupo foi interceptado pelos agentes do ATF, fracassando a missão dos extremistas antes mesmo de deixarem Nova Orleans. O líder Mike Perdue e outros 6 membros se confessaram culpados e foram condenados por violação da Lei de Neutralidade, recebendo sentenças de 3 anos de reclusão.

Patrick R. John, por outro lado, foi condenado a 12 anos de prisão por conspiração para derrubar o governo, sendo absolvido pela acusação de traição. No entanto, ele acabou apenas cumprindo 5 anos da pena, embora sua carreira política tenha sido destruída de vez.

Por incrível que pareça, outro grupo de supremacistas tentou o mesmo tipo de feito em 1986, só que conspirando para derrubar o governo do Suriname. Mas, como previsto, eles também fracassaram e foram ridicularizados pela mídia como seus pretensiosos antecessores. 

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