Ruby Bridges: a garotinha que enfrentou a segregação racial dos EUA

10/06/2021 às 11:002 min de leitura

Uma vez que os Códigos Negros significaram o primeiro passo em direção à segregação racial nos Estados Unidos, as Leis Jim Crow (criadas no sul e aplicadas entre 1877 e 1964) foram responsáveis por determinar a segregação total. Os legisladores deixaram claro que os negros não podiam frequentar escolas, habitar áreas residenciais, visitar parques públicos, teatros, lojas, transportes públicos, banheiros ou qualquer espaço junto com os brancos.

Dessa forma, até 1954 a doutrina “separados, mas iguais”, prevaleceu nos Estados Unidos, especialmente nos estados do sul, para justificar o motivo de segregar no país. Naquele ano, foi decidido pela Suprema Corte, no caso Brown v. Bancada da Educação de Topeka, que as divisões raciais entre estudantes brancos e negros em escolas públicas feria a Constituição, derrubando o parâmetro de falsa equidade estabelecido na decisão de 1896. 

Com isso, a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) tentou matricular alunos negros em várias escolas que eram destinadas apenas aos brancos em cidades do sul do país.

O desafio de Ruby

(Fonte: CEERT/Reprodução)(Fonte: CEERT/Reprodução)

Dos 137 alunos negros inscritos para serem transferidos para essas escolas, apenas 5 foram aceitos, incluindo a pequena Ruby Bridges, de apenas 6 anos.

Nascida em 8 de setembro de 1954, em Tylertown, no Mississippi, Ruby enfrentou uma multidão de brancos em seu primeiro dia na escola William Frantz Elementary School, em Nova Orleans, em 14 de novembro de 1960. Os racistas, entre adultos e crianças, fizeram uma barreira de vários metros até a entrada da escola, enquanto a garota era escoltada pelos soldados das tropas federais.

Naquela idade, ela foi xingada, ameaçada de morte e teve objetos lançados em sua direção, recebendo cuspidas e quase sendo agarrada. Tudo isso porque ela estava prestes a se tornar a primeira aluna negra a integrar uma escola branca. A princípio, Bridges mal conseguiu entender o que estava acontecendo ou o motivo de as pessoas terem tanta raiva dela.

(Fonte: Blackpast/Reprodução)(Fonte: Blackpast/Reprodução)

“Eu via barricadas, policiais e apenas pessoas em todos os lugares”, relembrou Ruby, atualmente ativista e com 66 anos. “E quando eu vi tudo isso, imediatamente pensei que era o Mardi Gras. Eu não tinha ideia de que eles estavam lá para me manter fora da escola”.

Durante todo o ano letivo, a garota foi forçada a ver os alunos marcharem pelo pátio segurando um caixão com uma boneca preta dentro dele. Na sala de aula, Ruby sentou-se sozinha no local totalmente vazio, pois nenhuma criança queria compartilhar o espaço com ela, até mesmo os professores – exceto por Barbara Henry.

(Fonte: Primeiros Negros/Reprodução)(Fonte: Primeiros Negros/Reprodução)

Como consequência da bravura de Ruby Bridges, seu pai perdeu o emprego e os mercados da cidade se recusaram a vender comida para sua família, em uma tentativa de forçar os pais a transferirem de volta a uma escola para negros.

Apesar disso, Ruby e sua família resistiram, e o segundo ano na escola primária foi relativamente normal, principalmente porque já haviam outros alunos negros. Aquele ano foi marcado pelo decolar dos direitos civis nos Estados Unidos, que só começou porque uma garotinha de 6 anos foi corajosa o suficiente para permanecer.

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