Estilo de vida
17/07/2021 às 06:00•4 min de leitura
A gente estuda História do Brasil no Ensino Fundamental e Médio, responde questões sobre ela no vestibular — e, depois, é comum esquecer de muita coisa. Contudo, esses mais de 500 anos — do "descobrimento" do Brasil, passando pela época do império e a proclamação da república, chegando até os atuais — incluem fatos muito interessantes.
Fatos tão interessantes que as minisséries e novelas baseadas na nossa trajetória não perdem para nenhuma série gringa. A História do Brasil tem todos os elementos para uma boa série: personagens profundos, reviravoltas, tramas e romances. Por isso, caso você queira conhecer um pouco mais sobre o nosso país através dessas obras, confira essa lista com sete minisséries e novelas.
(Fonte: Memória Globo/Reprodução)
A autora Maria Adelaide Amaral nasceu em Portugal, mas foi criada no Brasil. Nos anos 2000, ela fez sucesso com várias minisséries históricas, sendo uma obra diferente cada ano, sobre um período diferente. Essa tradição começou justamente com A Muralha, em 2000, uma das minisséries mais elogiadas da televisão brasileira.
A história mostra o início da colonização do Brasil, com as incursões dos bandeirantes no interior do território, pouco mais de um século depois da chegada de Pedro Álvares Cabral. Esse pano de fundo histórico é movimentado por personagens fictícios, como a família de Dom Braz Olinto (Mauro Mendonça) e Mãe Cândida (Vera Holtz). O cruel vilão Dom Jerônimo (Tarcísio Meira) é outro personagem fictício que chama a atenção.
(Fonte: Estadão/Reprodução)
Avançando alguns séculos na história do Brasil, Maria Adelaide Amaral falou sobre a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul, nessa minissérie que fez o maior sucesso (pelo menos no sul do país), em 2003.
Baseada no livro da escritora gaúcha Letícia Wierzchowski, a minissérie de 52 capítulos deu mais destaque para personagens reais: Giuseppe Garibaldi (Thiago Lacerda), Bento Gonçalves (Werner Schunemann) e Anita Garibaldi (Giovanna Antonelli), além de outros fictícios (com destaque para Manuela, de Camila Morgado). A Casa das Sete Mulheres é muito interessante, também, para conhecer mais sobre a tradição gaúcha.
(Fonte: Memória Globo/Reprodução)
A última obra de Maria Adelaide nesta lista (como dito, ela fez muitas minisséries históricas nos anos 2000) é a biografia do ex-presidente da república Juscelino Kubitschek. Além de mostrar seu governo e a construção de Brasília, os 47 capítulos retratam toda a vida de Nonô, desde a juventude em Belo Horizonte (quando é vivido por Wagner Moura) até a velhice (interpretado por José Wilker).
Infelizmente, nenhuma das três minisséries citadas até aqui está disponível de forma oficial no streaming. Porém, elas foram vendidas em DVD e exibidas no Canal Viva há poucos anos, de modo que não é difícil encontrar seus capítulos na internet. Somente uma das minisséries de época de Maria Adelaide Amaral está no Globoplay: Os Maias, mas essa se passa em Portugal.
(Fonte: Observatório da TV/Reprodução)
A Revolução — que deu origem ao feriado de 9 de julho — é retratada brevemente em Um Só Coração, mas ganha mais destaque no romance de Maria José Dupré. Ele já foi adaptado para a TV cinco vezes, sendo que as versões mais conhecidas são as da Tupi (1977), do SBT (1994) e da Globo (2019). A última está disponível no Globoplay.
No centro da história está a família de Dona Lola (vivida por Glória Pires, na versão mais recente), com seus quatro filhos que seguem rumos diferentes na vida. A partir da casa de Dona Lola, na região central de São Paulo, é possível perceber como a cidade muda ao longo de três décadas do século XX. Além disso, a Guerra de 1932 marca uma virada na história da família — mas vamos parar por aqui, para não dar spoilers!
Diversas obras são ambientadas na época do Brasil Colônia, de A Padroeira, sobre Nossa Senhora Aparecida até Liberdade, Liberdade, que começa com a Inconfidência Mineira. Mas, talvez, uma das mais interessantes seja mesmo Xica da Silva.
Não se sabe muito sobre a verdadeira história de Xica — sabe-se que ela existiu, era uma escrava e chocou a sociedade ao se envolver com um contratador branco —, de modo que a novela tem doses enormes de ficção. Ainda assim, o cotidiano de Minas Gerais no século XVIII é muito bem retratado nessa novela de 1997 que, diferente de outras na lista, não foi produzida pela Globo, mas sim pela finada Manchete. Com exibição no SBT, em 2005, é possível ver bastante coisa da novela pela internet.
A gente sabe que a Independência do Brasil foi proclamada por Dom Pedro I, no dia 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga. Mas o roteiro de Novo Mundo entra de forma mais profunda nessa história, mostrando o relacionamento do jovem Pedro (Caio Castro) com a princesa austríaca Leopoldina (Letícia Colin) e seus casos paralelos, com destaque para a Marquesa de Santos (Ágatha Moreira).
No dia 7 de setembro de 2017, o grito do Ipiranga apareceu também na novela. Apesar de altas doses de ficção (o sofrimento de Leopoldina foi atenuado, por exemplo, já que a personagem caiu nas graças do público), Novo Mundo também mostra bastante coisa que, de fato, aconteceu. A novela está disponível no Globoplay.
Em 2020, os mesmos autores planejavam a continuação da história, agora no reinado de Dom Pedro II, com Nos Tempos do Imperador. Mas a pandemia de covid-19 adiou a produção indefinidamente.
Antes de Novo Mundo, a Globo já havia retratado Dom Pedro I na minissérie O Quinto dos Infernos. Mas essa obra, escrita por Carlos Lombardi, era mais uma comédia do que uma reconstituição histórica.
Em 2017, a Globo fez uma novela sobre a ditadura, Os Dias Eram Assim. Mas essa não é lá muito boa, com uma história que se arrasta pelos 88 capítulos (o que é uma proeza, para uma novela tão curta). Também tivemos Amor e Revolução, do SBT, que foi ainda pior.
Em contrapartida, uma minissérie realmente bem produzida sobre os anos de chumbo no Brasil é Anos Rebeldes, do grande roteirista Gilberto Braga. Para retratar o período, ele criou os personagens Maria Lúcia e João Alfredo — ela não se envolve em política e quer segurança, enquanto ele é um militante. A história vai do início dos anos 1960 até a Anistia, em 1979, mostrando os reflexos da política no cotidiano dos personagens.
Ainda há várias outras obras que poderíamos destacar: Amazônia, Lado a Lado, Um Só Coração, mas selecionamos alguns títulos para que a matéria não se tornasse um livro. Quem sabe, terminamos a lista em uma parte 2! Dessas que citamos, qual é a sua favorita?