Artes/cultura
26/07/2021 às 08:00•3 min de leitura
A cada 4 anos, atletas de vários países se reúnem para competir em diversas modalidades de esportes nas Olimpíadas. Hoje, o evento tem uma importância mundial, movimenta bilhões de dólares, gera empregos e, claro, atrai milhares de esportistas de todo o mundo. Mas como tudo isso começou? De que modo foi o caminho até aqui?
Registros históricos apontam que as primeiras Olimpíadas foram realizadas em 776 a.C. na região de Olímpia, um local situado no sul da Grécia. De acordo com historiadores, o evento era uma forma de homenagem ao mais famoso e poderoso deus da antiga Grécia: Zeus. A mitologia conta que Hércules foi o primeiro idealizador dos jogos.
A adoração a Zeus era um dos poucos aspectos que os gregos costumavam concordar de modo unânime. Naquela época, a Grécia era dividida em diferentes cidades-estado, e guerras entre elas eram frequentes.
Zeus.
Contudo, mesmo em períodos de duras batalhas, esses centros de poder declaravam uma trégua para que seus atletas pudessem participar das Olimpíadas. Apenas homens podiam competir e com um detalhe muito importante: participavam das disputas nus!
Muitas modalidades que surgiram no passado, como luta livre e corrida, ainda fazem parte das Olimpíadas modernas com algumas adaptações, enquanto outras deixaram de existir, a exemplo das corridas de bigas.
Com o tempo, novas modalidades foram adicionadas às Olimpíadas.
Há ainda aquelas esquecidas no tempo, como o pankration. O evento beirava o absurdo, pois se tratava de uma luta onde não havia classes de peso ou limites de tempo. Apenas duas regras: os participantes não podiam morder nem arrancar os olhos de seus adversários. A luta acabava com a desistência ou a morte de um dos envolvidos.
As Olimpíadas gregas perduraram de 776 a.C. até 393 d.C., sendo necessários 1503 anos para que os jogos fossem retomados. As primeiras Olimpíadas modernas aconteceram em Atenas, Grécia (no ano de 1896) e só foram possíveis graças a um jovem chamado Barão Pierre de Coubertin, que lançou a ideia em 1894.
Originalmente, o barão queria Paris como sede. Porém, delegados e representantes de mais de 30 nações gostaram tanto do conceito que convenceram o idealizador a realizar os jogos em 1896 e ter Atenas como a primeira cidade anfitriã.
Sem dúvidas, a tocha olímpica é o símbolo maior das Olimpíadas. Contudo, o revezamento da tocha só foi inaugurado nos jogos de 1928, em Amsterdã, nos Países Baixos. Porém, apenas em 1936, por ocasião dos Jogos Olímpicos de Berlim, na Alemanha, é que se tornou uma marca oficial.
A política também faz parte dos Jogos Olímpicos, e isso acontece desde os tempos antigos, quando guerras eram interrompidas para a realização das competições.
No século XX, a ideologia do nacionalismo se espalhou pelo mundo. A Alemanha nazista aproveitou os jogos de 1936, em Berlim, para divulgar sua causa. Mesmo após a queda do regime nazista, as Olimpíadas continuaram envolvidas na política mundial.
Em 1956, Líbano, Iraque e Egito boicotaram os Jogos de Melbourne (Austrália) como protesto pela captura do Canal de Suez pelos franceses e britânicos. Já Suíça, Espanha e Holanda resolveram ficar de fora do evento devido à invasão da Hungria pela antiga URSS. Em 1968, na Cidade do México, dois corredores afro-americanos usaram o pódio como palanque contra as políticas raciais adotadas pelos EUA.
Smith (ao centro) e Carlos protestaram contra a discriminação racial.
Em 1972, nas Olimpíadas de Munique, na Alemanha, uma tragédia: 11 atletas israelenses foram mortos por terroristas palestinos. Quatro anos mais tarde, nos jogos de 1976 em Montreal, no Canadá, o boicote partiu de 33 países africanos. A iniciativa envolveu cerca de 400 atletas em um protesto contra o Apartheid, política de segregação racial adotada pela África do Sul.
As interrupções mais recentes e sérias das Olimpíadas modernas aconteceram em 1980, quando o Comitê Olímpico dos Estados Unidos votou pela não participação nos jogos porque os soviéticos invadiram o Afeganistão 1 ano antes. Nessa época, cerca de 40 países, incluindo China e Japão, seguiram os EUA e deixaram a URSS sem a mais importante competição atlética do mundo.
Em 1984, os jogos de inverno realizados em Sarajevo (Iugoslávia) aconteceram sem problemas. Por outro lado, nos jogos de verão em Los Angeles, o boicote foi liderado pela URSS como uma vingança pelo que os EUA fizeram em 1980.
Então, chegamos às Olimpíadas de 2020 sem nenhum embate político, mas com uma pandemia que adiou o evento por 1 ano. Tem quem diga que os jogos olímpicos de 2021 estão sendo os mais peculiares da história moderna, mas olhando da Antiguidade até os dias atuais, sempre existe algo ainda mais surpreendente para ser adicionado aos livros.