Artes/cultura
25/08/2021 às 08:00•3 min de leitura
O pré-modernista Monteiro Lobato (1882-1948) foi uma das maiores referências literárias na história brasileira. O seu regionalismo nato e a análise da realidade do país conquistaram públicos de todas as idades. Porém, apesar do talento para a escrita e de ter criado O Sítio do Picapau Amarelo, um dos maiores universos infantojuvenis nacionais de todos os tempos, o autor teve uma vida recheada de polêmicas e fatos controversos, como escândalos raciais e uma personalidade defensora de ideias retrógradas.
Confira abaixo alguns fatos curiosos sobre Monteiro Lobato que você precisa saber.
(Fonte: Liveworksheets / Reprodução)
O Dia Nacional do Livro Infantil, importante data que celebra a literatura para crianças, é comemorado no aniversário de nascimento de Monteiro Lobato. Assim, 18 de abril — também conhecido como Dia de Monteiro Lobato — é apenas uma das grandes homenagens já feitas ao autor, como a Vila Buquira, em São Paulo, e a fazenda de seu avô, além de escolas, bibliotecas e ruas que receberam o nome do escritor imortal.
(Fonte: Estadão / Reprodução)
Antes de se dedicar exclusivamente à carreira de escritor, Monteiro Lobato se formou em Direito, mas optou por não seguir trabalhando na área mesmo sendo considerado um aluno brilhante. Além disso, ele foi editor, tradutor, empresário e jornalista, com várias matérias e editoriais publicados em O Estado de S. Paulo, como também tentou desenvolver habilidades na pintura, mas não deu sequência após confundir uma caixa de aquarelas com tinta-óleo.
(Fonte: Prefeitura de São Paulo / Reprodução)
Ao longo de sua vida como escritor, Monteiro Lobato escreveu livros inéditos e realizou importantes traduções, além de artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas e livros sobre o ferro e o petróleo. Porém, foi no conto infantil que o autor obteve mais sucesso, especialmente com o surgimento dos personagens do Sítio do Picapau Amarelo, que resultou em uma coletânea de 24 livros, e com o popular Jeca Tatu, que posteriormente tornou-se símbolo da conscientização do saneamento básico brasileiro.
Confira abaixo algumas de suas principais obras.
Urupês é uma antologia formada por 14 contos que narra diferentes situações na vida de um caboclo, desde seu cotidiano e hábitos até crenças, formação e tradições. Quase todos se passam em Itaoca, São Paulo, e são dotados de elementos tragicômicos, navegando entre a fina ironia até a abordagem de situações delicadas.
Escrita em várias etapas da vida do autor, a antologia Negrinha é constituída por 22 contos fictícios, em uma série de narrativas emotivas que conversam com a linguagem. A obra se destaca por apresentar personagens mais mundanos e centrados no ambiente urbano, enquanto denuncia os bastidores da sociedade patriarcal com temas como preconceito, racismo e debates abolicionistas.
Além dos contos, artigos e romances infanto-juvenis, as fábulas fizeram parte do rico acervo de Monteiro Lobato e o consagraram como um dos maiores escritores do gênero de todos os tempos, trazendo histórias curtas com lições de moral valiosas. Conheça abaixo algumas das principais fábulas escritas pelo autor.
(Fonte: Folha de São Paulo / Reprodução)
Mesmo sendo nacionalista e se encaixando de forma ideal na cultura regionalista brasileira, Monteiro Lobato esboçava uma paixão pelos valores norte-americanos e se alegrava com as conquistas do gigante da América do Norte. Mesmo passando um período relativamente curto no Tio Sam (entre 1926 e 1930), o escritor atuou na União Cultural Brasil-Estados Unidos, mas acabou desistindo do projeto quando julgou os EUA como nação opressora.
(Fonte: Unicamp / Reprodução)
Censurada pelo governo de Getúlio Vargas, a obra O Escândalo do Petróleo, lançada em 1936, sofreu grande influência da indústria petrolífera e da participação de Monteiro Lobato como um dos fundadores da Companhia Petróleos do Brasil. O registro da empresa ocorreu logo depois do escritor retornar dos Estados Unidos, quando passou a apoiar a extração do produto em terras nacionais e, posteriormente, a integrar três corporações diferentes de prospecção de petróleo.
(Fonte: O Globo / Reprodução)
Segundo um estudo publicado em 2013 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Monteiro Lobato era membro da Sociedade Eugênica de São Paulo e amigo próximo dos médicos Renato Kehl e Arthur Neiva, principais responsáveis por divulgar, no Brasil, ideais de seletividade social baseado em características genéticas. Além disso, o autor defendia a criação de uma Ku Klux Klan tupiniquim ao comentar que "um dia se fará justiça ao Ku Klux Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca".