Artes/cultura
11/09/2021 às 09:00•2 min de leitura
Há cerca de 10 mil anos, as únicas fronteiras que os seres humanos conheciam eram as naturais, como os rios, as montanhas ou uma floresta. Nessa época, a humanidade era caçadora-coletora, ou seja, obtinha os alimentos caçando animais e coletando plantas.
(Fonte: Megatimes/Reprodução)
Esse foi um período em que a quantidade de pessoas na terra era pequena. Além disso, com a enorme disponibilidade de recursos não havia muitos motivos para “reivindicar” e entrar em luta por um território.
É possível dizer que o conceito de fronteira surge com base nas próprias necessidades humanas em seu processo evolutivo e de desenvolvimento social.
Desde o momento em que aprendeu agricultura ao início da civilização moderna, um instinto territorial muito semelhante ao notado em alguns animais esteve presente na humanidade. Algo parecido ao comportamento de uma matilha de lobos que defende seu território para que nenhum membro do grupo fique sem comida.
(Fonte: Lithub/Reprodução)
Apesar da parte instintiva, estabelecer fronteiras também tem a ver com a necessidade humana de criar sociedades. A nossa história é a história da migração. As civilizações mais prósperas e sofisticadas surgiram onde o tráfego humano era mais pesado. Como era de se esperar, muita gente em um mesmo lugar exigiria cuidados adicionais. A princípio, o objetivo era garantir recursos, mas com o tempo entra em cena o poder e a riqueza.
Aliás, isso não diz respeito apenas a sociedades extintas há milhares de anos. Alguns exemplos mais recentes são a conquista de povos, o tráfico de escravizados e o controle colonial que se tornaram fatores importantes para o estabelecimento de fronteiras.
Para nós, as fronteiras também tem um peso psicológico: elas nos permitem fazer parte de um grupo e de nos identificarmos com ele. Mas, ao mesmo tempo, nos separa daquilo que é desconhecido e do outro.
(Fonte: Genaro Servín/Pexels/Reprodução)
Apesar dos benefícios, o conceito de fronteira como um território permanente tem desvantagens. A principal delas é que atrasa e até impede a resolução de conflitos, por transformar algo que deveria ser estratégico e político, em uma causa moral que inflama as paixões dos envolvidos, dificultando ainda mais as relações entre os países.
Além disso, acaba atrapalhando ou impedindo o surgimento “natural” de novos Estados quando os antigos já caíram ou estão em crise. Um exemplo disso é a Somalilândia que declarou unilateralmente sua independência em 1991 e, desde então, passou a funcionar como um estado independente. Mesmo que até hoje não tenha reconhecimento internacional e seja oficialmente parte da Somália.