Artes/cultura
18/09/2021 às 08:00•3 min de leitura
Constituída por 3 naus, a expedição de Gonçalo Coelho partiu de Lisboa em 13 de maio de 1501 com intuito de investigar a recém-descoberta costa do Brasil. Foi com um calendário litúrgico que eles começaram a batizar os lugares onde atracavam com nome de santos e do dia em questão.
Em 1º de janeiro de 1502, o navegador italiano Américo Vespúcio chegou à Baía de Guanabara e a batizou de Rio de Janeiro. O primeiro europeu a pisar em território carioca ficou deslumbrado pela paisagem paradisíaca e tudo o que era abarcado por ela. No entanto, não demorou muito para que aquela beleza toda fosse convertida em um cenário de guerra.
Dom Manuel I de Portugal. (Fonte: Pinterest/Reprodução)
Os portugueses da expedição a serviço de Dom Manuel I de Portugal entraram em guerra quando se encontraram com os mais de 3 mil indígenas tamoios que habitavam a região. E, muito embora eles tivessem conhecimento completo sobre o território, eles não resistiram ao genocídio desempenhado pelos colonos.
O Rio de Janeiro como o conhecemos só nasceu a partir do que ficou marcado na história como a Batalha de Uruçumirim, o último esforço dos indígenas de reaverem o que os pertencia e resistir contra os portugueses.
Em 1563, o militar português Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá (3° governador-geral do Brasil), desembarcou na Bahia com soldados enviados de Portugal para colaborar no processo de expulsão dos franceses e indígenas instalados na Baía de Guanabara desde 1555.
Estácio de Sá. (Fonte: Leilões Vitória/Reprodução)
O comandante só conseguiu chegar ao destino carioca no ano seguinte, sendo duramente repelido pelos índios tamoios, que encurralaram suas tropas de tal maneira que ele não encontrou outra saída senão desistir de aportar na Guanabara.
Estácio de Sá seguiu até a Capitania de São Vicente em busca de reforços, encontrando apoio dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, por meio da influência que eles tinham na região.
Em 20 de janeiro de 1565, as tropas de Estácio de Sá conseguiram derrubar a resistência dos tamoios e empurrá-los para longe do território, como medida provisória, mas aquilo estava longe de acabar.
(Fonte: Reddit/Reprodução)
Em 1° de março daquele ano, no sopé do morro do Pão de Açúcar, Estácio de Sá deu início ao empreendimento que tanto sonhava: a construção da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, dando continuidade ao trabalho de só nomear o local que Américo Vespúcio teve.
O deslumbramento dele durou tão pouco quanto o do compatriota. Seis dias depois, Estácio de Sá ergueu as primeiras paliçadas para enfrentar os franceses no que se tornou um marco histórico: a fortaleza de São João.
(Fonte: Mundo Tentacular/Reprodução)
Naquele dia, foram os tamoios e os franceses que ganharam a luta, porém, dias depois, os portugueses saíram vitoriosos. A disputa por território seguiu nessa mesma estrutura até o início de 1566, quando Mem de Sá comandou uma esquadra com mais de 200 homens pelo rei de Portugal para ajudar o sobrinho a conquistar definitivamente o Rio de Janeiro.
Em 18 de janeiro de 1567, Mem de Sá e as tropas enfrentaram os tamoios, comandados pelo cacique Aimberê e seu genro francês, Ernesto, em Uruçumirim (onde hoje é compreendida as praias do Flamengo e da Glória).
(Fonte: Brainly/Reprodução)
A guerra foi catastrófica para os indígenas, que foram literalmente massacrados pela fúria dos colonos portugueses, que mostraram seu poder de dominação queimando as aldeias dos tamoios, alvejando-os com flechas ou desintegrando-os no ar com tiros de canhão. No processo, Estácio de Sá acabou ferido no rosto por uma flecha envenenada dos indígenas e morreu no mês seguinte.
As baixas significativas do lado dos portugueses não impediram que os indígenas tivessem suas cabeças espetadas em estacas e colocadas ao longo de toda a baía. Aqueles que conseguiram sobreviver à batalha, fugiram e se estabeleceram na região serrana da cidade.
(Fonte: Ensinar História/Reprodução)
Além de acabar com a população indígena e estabelecer de vez a construção do Rio, a Batalha de Uruçumirim também minou os projetos franceses de criar um novo refúgio calvinista, idealizado pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegagnon e pelo Conde deColigny.
Sem o sobrinho, Mem de Sá se colocou à frente do projeto e tomou várias medidas administrativas, como a transferência da sede da cidade para o Morro do Castelo, onde se iniciou o processo de povoação, a nomeação de vereadores, tesoureiros e magistrados, bem como o estabelecimento de sesmarias e a doação de terras para o colégio dos jesuítas. Era a evolução da Cidade Maravilhosa, sob sangue, claro.