Artes/cultura
21/09/2021 às 11:00•2 min de leitura
No fim dos anos 1970, o clã Corleonesi, uma família proveniente da famosa cidade siciliana de Corleone, liderado pelo tenente Salvatore Riina (1930-2017), foi responsável por um extermínio em massa de seus grupos rivais com alguns registros históricos incluindo a contagem de mais de mil corpos espalhados pelos territórios da Sicília, de Lazio e da Lombardia.
Um dos maiores responsáveis por essa onda de assassinatos foi o agente Giuseppe Greco (1952-1985), considerado uma espécie de serial killer italiano que vitimou cerca de 300 pessoas em pouco menos de 5 anos.
Nascido em 1952 na pequena cidade de Ciaculli, Greco era filho de um mafioso apelidado de "Scarpa" ("sapato", em tradução do italiano para o português), por isso logo passou a ser conhecido carinhosamente como "Scarpuzzedda", um termo que significa sapatinho. Pouco se sabe sobre a infância de Giuseppe Greco, mas fontes históricas indicam que era um jovem habilidoso em latim e grego, sendo considerado por muitos uma criança-prodígio.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
O primeiro contato de Greco com a máfia ocorreu em 1979, quando foi convidado a se juntar a seu tio Michele na Comissão da Máfia Siciliana. O que era para ser um negócio de família tornou-se uma oportunidade para que Pino Greco — como Giuseppe era conhecido por colegas — adquirisse influência e fizesse amizade com políticos e gângsteres, mantendo um perfil discreto que destacou os Grecos e possibilitou a escalada dos membros na organização criminosa.
Entre 1981 e 1983, Salvatore "Toto" Riina, que passou a controlar o clã Corleonesi após ser declarado como fugitivo — por estar ligado ao assassinato de um procurador-geral da Sicília e ao sequestro de Antonino Caruso, filho do industrial Giacomo Caruso —, declarou guerra contra seus principais rivais da máfia de Palermo: Stefano Bontade (1939-1981), Salvatore Inzerillo (1944-1981) e Tano Badalamenti (1923-2004).
Para isso, a Comissão da Máfia criou uma espécie de Esquadrão da Morte liderado por ninguém menos que Giuseppe Greco. Ao lado de seu AK-47 e dos aliados Giuseppe Lucchese (1959-), Mario Prestifilippo (1958-1987) e Giuseppe Marchese (1962-), o serial killer italiano assassinou cerca de 300 pessoas, com uma média de 5 assassinatos por dia e o uso de métodos de mutilação e tortura.
(Fonte: Catawiki/Reprodução)
Entre as eliminações mais notórias realizadas por Greco, chama atenção o assassinato de Inzerillo e de seu filho, que na época tinha apenas 15 anos. Rumores apontam que o líder do Esquadrão da Morte cortou o braço do garoto logo antes de atirar em sua cabeça, dissolvendo os restos em ácido e desovando-os em um barril.
Além disso, seus assassinatos faziam referência aos "paredões de guerra", quando capturados eram colocados na frente de muros para receber uma saraivada interminável de balas.
A paixão pela morte acabou tornando-se elemento-chave no clã Corleonesi, e tanto inimigos quanto aliados eram assassinados diariamente sob as ordens de Riina, como uma espécie de teste de fidelidade entre membros de baixo escalão e os altos níveis hierárquicos. Assim, nomes como Filippo Marchese (1938-1983), Rosario Riccobono (1929-1982) e os irmãos de Vincent Puccio (1945-1989), todos ligados ao Esquadrão da Morte, também se tornaram vítimas da obsessão pela causa da máfia.
Salvatori Riina, líder do clã Corleonesi. (Fonte: Reuters/Reprodução)
Outros integrantes foram entrando na lista de eliminações de Riina, e logo chegou a vez de Greco, que se tornou descartável após a morte de um investigador de polícia chamado Antonino Cassara (1947-1985). Em setembro de 1985, o Scarpuzzedda foi assassinado a tiros por seus dois companheiros e supostos amigos Vincenzo Puccio e Giuseppe Lucchese, em uma emboscada.
Mesmo morto, Greco recebeu uma sentença de prisão perpétua à revelia — quando o réu não está presente — e foi declarado culpado por 58 acusações de assassinato.