Massacre de Nueces: o ataque contra imigrantes alemães nos EUA

03/10/2021 às 06:002 min de leitura

Um ano após os Estados Unidos explodirem em uma grande Guerra Civil, o estado do Texas presenciou cenas bem sangrentas em seu território. A área de Hill Country era basicamente dividida entre imigrantes alemães opositores à escravidão e os Confederados, que a aplicavam. 

No dia 10 de agosto de 1862, a tensão entre os dois grupos acabou culminando em uma matança brutal conhecida até hoje como Massacre de Nueces. Com cerca de 20 mil pessoas, os alemães faziam parte de 5% da população total do Texas na época.

Como o massacre começou

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Em 1831, um antigo general alemão chamado Frederick Ernst tornou-se o primeiro imigrante vindo da Alemanha a se mudar para o Texas. Sua felicidade em cartas mandadas ao exterior chamaram a atenção de mais pessoas, que logo se mudaram para Hill Country em busca de uma vida melhor.

O problema, entretanto, é que os imigrantes alemães sempre viram a escravidão como algo não digno para um ser humano, e passaram a lutar pela sua abolição antes mesmo do começo da Guerra Civil. Foi então que os conflitos entre Confederados e União passaram a pipocar por todos os cantos.

A Ata de Recrutamento Confederada de 1862 exigia que todos os homens acima dos 16 anos se alistassem para o Exército Confederado, coisa que os alemães texanos não estavam dispostos a fazer. Como retaliação, a milícia local queimou suas fazendas e saqueou suas casas.

Dezenas de mortes

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

O capitão James Duff era o responsável pelas tropas Confederadas na região. Do outro lado, o simples cidadão Fritz Tegener liderava 60 homens que haviam se rebelado. Com armas na mão, Tegener e seus homens vagaram por Hill Country em busca de abrigo, até que foram emboscados no calar da noite. 

Duff havia enviado 96 soldados para persegui-los, liderados pelo primeiro-tenente Colin McRae, no dia 3 de agosto. Foi necessária uma semana para que os inimigos fossem encontrados. McRae tinha apenas a autorização para prender os rebeldes, não matá-los.

Mesmo assim, os primeiros guardas avistados foram mortos a tiro sem dó nem piedade. Teneger e os alemães conseguiram revidar em primeiro momento, mas perderam 19 homens no primeiro confronto e outros 15 estavam feridos. Enquanto os imigrantes se reagrupavam, McRae e seu subordinado, tenente Edwin Lilly, avançavam pelo terreno.

Fim da linha 

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Ao amanhecer, a luta havia acabado. Poucos alemães sobreviventes conseguiram fugir para outra região, enquanto McRae ordenava que os feridos fossem levados como prisioneiros. Porém, Lilly pediu para que todos fossem executados. Nove pessoas foram mortas com um tiro atrás da cabeça.

Ao todo, 18 Confederados saíram feridos da batalha e dois foram mortos. McRae pediu que seus homens fossem enterrados, enquanto os inimigos permaneceriam sobre o solo apodrecendo. Posteriormente, oito dos abolicionistas que haviam tentado fugir também foram mortos tentando entrar no México. 

Os corpos dos falecidos só puderam ser recuperados por outros imigrantes alemães após o fim da Guerra Civil. Três anos depois, os restos mortais encontrados foram enterrados e um monumento antiescravista foi erguido no local.

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