Gregor MacGregor: o vigarista que vendeu um país

04/10/2021 às 12:003 min de leitura

Logo que foi concluída, a famosa Ponte do Brooklyn, em Nova York (EUA), foi alvo de uma "onda" de vigaristas que começaram a vendê-la de maneira deliberada, como o prefeito Peaches O’Day, que vendeu o empreendimento por US$ 200.

No verão de 1919, o italiano Charles Ponzi se consolidou como o responsável por encabeçar os esquemas de pirâmides ao arrecadar US$ 15 milhões ao longo de 18 meses com a promessa de lucros de 50% a 100% em curto prazo.

Logo em seguida, em 1938, a empresa McKesson e Robbins (atual McKesson Corporation), esteve no centro de uma das maiores fraudes do século XIX na indústria de saúde. Philip Music comprou a gigante farmacêutica e contratou seus irmãos para criarem empresas parceiras fictícias. Em questão de pouco tempo, eles inflaram os ativos na quantia de centenas de milhões de dólares, roubaram e desviaram dinheiro, distribuindo quantias a si mesmos por meio de suas empresas de fachadas em um golpe que mudou as leis de contabilidade e auditoria dos Estados Unidos (EUA).

Foram centenas de vigaristas que tentaram e conseguiram efetuar golpes absurdos de tão magistrais, porém nenhum deles chegaram "aos pés" do escocês Gregor MacGregor.

A grande mentira

(Fonte: Wikipedia/Reprodução)(Fonte: Wikipedia/Reprodução)

Nascido em 24 de dezembro de 1786, na Escócia, MacGregor ganhou fama e notoriedade após servir ao lado republicano na Guerra da Independência da Venezuela, em 1812, tornando-se general e operando contra os espanhóis em nome do país.

Foi em 1811, aos 23 anos, quando voltou a Londres para morar com sua esposa em uma casa alugada por sua mãe, que MacGregor começou a disseminar suas fantasias. Ele assumiu o título de coronel, passou a usar um distintivo de uma ordem de cavaleiro português e percorria a cidade em um cavalo. Ele chamava a si mesmo de Sir Gregor MacGregor Bart, alegando ter laços familiares com o Clã Gregor (descendentes da antiga família real celta) e também com duques, condes e barões. A maneira convicta com que falava foi o que atraiu o respeito e atenção da sociedade londrina.

Naquela época, ele já havia começado a descrever o paraíso fértil de Poyais, uma terra ao longo do Rio Negro de Honduras, uma região um pouco maior do que o País de Gales, habitada por nativos amigáveis que o nomearam como "chefe" (cazique na suposta língua materna).

Em outubro de 1822, MacGregor anunciou à elite londrina que seu país era tão próspero que podia render até 3 safras de milho por ano. A água, por sua vez, era tão pura e refrescante que poderia matar qualquer sede, além de ter pedaços de ouro cobrindo o leito dos rios. As florestas transbordavam de árvores frutíferas e abrigavam uma abundância de animais para caça.

Persuasão

(Fonte: History Today/Reprodução)(Fonte: History Today/Reprodução)

Toda essa descrição edênica contrastou com a escuridão chuvosa e os solos rochosos da Escócia, saltando aos olhos dos magnatas, que ficaram descontrolados quando MacGregor alegou que tudo o que sua Poyais precisava era de investidores e colonos dispostos a alavancarem seus recursos ao máximo.

Naquela época, os investimentos nas Américas Central e do Sul estavam ganhando popularidade, então apostar em um país supostamente cheio de riquezas parecia uma tacada certa. Afinal, a Escócia nem sequer tinha colônias próprias.

(Fonte: Onedio/Reprodução)(Fonte: Onedio/Reprodução)

Portanto, MacGregor não perdeu tempo e montou uma campanha agressiva para venda de certificados de terras e outros investimentos. Ele concedeu entrevistas aos jornais nacionais, contratou publicitários para escreverem anúncios e folhetos, inclusive investiu em músicas que despertassem o desejo de mudança nos interessados.

MacGregor sempre enfatizou em sua campanha como qualquer comprador faria "um ato de bravura e ousadia" ao comprar um lote de terra, além de ser um homem de grande inteligência.  Para convencê-los ainda mais, ele escreveu um livro de 365 páginas sob o pseudônimo de Thomas Strangeways intitulado Esboço da Costa do Mosquito, Incluindo o Território de Poyais, que enaltecia as virtudes da pequena nação insular.

A grande verdade

(Fonte: Newspappers/Reprodução)(Fonte: Newspappers/Reprodução)

No final das contas, segundo o psicólogo Robert Cialdini, MacGregor usou os seis princípios da persuasão para conseguir o que queria: reciprocidade, consistência, validação social, amizade ou simpatia, escassez e autoridade.

A consequência disso foi que 7 navios abarrotados de colonos partiram para "a terra prometida" de MacGregor e, após 2 meses de viagem pelo Atlântico, aportaram em um local devastado que não tinha nem sequer uma muda de árvore. Enquanto isso, o vigarista riu com os mais de 200 mil euros extorquidos de maneira direta e indireta com todo o seu esquema.

Muitos colonos morreram na tentativa de voltar para casa após semanas imaginando que o governo de Poyais iria resgatá-los na costa. Aqueles que lotaram o porto de Honduras Britânicas como último refúgio foram vitimados por doenças mortais, como malária e febre amarela.

(Fonte: Mental Floss/Reprodução)(Fonte: Mental Floss/Reprodução)

No final de 1823, apenas 50 sobreviventes conseguiram voltar para Londres. Só 3 anos depois do ocorrido que MacGregor e outros comparsas foram julgados por um tribunal francês por fraude depois que tentaram aplicar uma variação do golpe na França.

Por incrível que pareça, o vigarista foi absolvido ao colocar toda a culpa em um de seus associados. Apesar da iminente prisão, MacGregor continuou com seu esquema na década seguinte, mas de maneira discreta.

Em 1938, ele se mudou para a Venezuela, onde foi recebido como herói devido ao seu passado como combatente. Ele morreu em Caracas, em 4 de dezembro de 1845, aos 58 anos, enterrado por lá com honras militares, como se nunca tivesse sido um criminoso.

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