Estilo de vida
03/11/2021 às 12:00•2 min de leitura
Em um determinado período da humanidade, o antissemitismo crescia deliberadamente, e as comunidades judaicas eram ameaçadas em diversas partes do mundo. O mesmo era válido para o Japão, sobretudo dentro dos círculos militares e políticos do país que acreditavam que os judeus faziam parte de uma conspiração para "dominar o mundo".
Por conta disso, o império japonês tinha uma estratégia em mente: o Plano Fugu, um esforço generalizado para encorajar a imigração judaica para o território japonês antes e durante a Segunda Guerra Mundial, a fim de impulsionar a prosperidade econômica do país. Dessa forma, eles poderiam utilizar o "inimigo" a seu favor.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O movimento antissemita passou a crescer no Oriente após a chega do livro Os Protocolos dos Sábios de Sião (1903), que pregava ódio aos judeus, pelas mãos do exército do General Grigory Semyonov, um líder do movimento branco durante a Guerra Civil Russa.
Após esse período, a obra passou a fascinar o Major Norihiro Yasue, que era fluente em russo e um candidato natural para trabalhar para as forças japonesas como intérprete e oficial de inteligência quando as tropas do país partiram da China para o norte em 1918.
Yasue decidiu traduzir o livro para o japonês e passou a compartilhá-lo entre os militares. Muitos passaram a acreditar no conteúdo antissemita e viam a violência como medida necessária. Ao mesmo tempo, alguns oficiais questionavam esse tipo de comportamento e passaram a traçar uma nova estratégia.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O Ministério de Relações Exteriores do Japão passou a ficar realmente interessado pela ideia de Yasue para controlar a população judaica no país. Ao longo da década de 1930, a expansão imperial do país pela China e pelo Pacífico tinham causado um isolamento diplomático, e os líderes buscavam uma forma de recuperar uma influência internacional.
Foi então que as autoridades locais passaram a trabalhar com a ideia de trazer judeus refugiados para o país para mantê-los sob controle e fazê-los trabalhar pelo benefício do Império. As tratativas estavam concentradas sobretudo no oficial da marinha Koreshige Inuzuka, que havia-se tornado uma conexão militar com as comunidades judaicas que foram dominadas na China.
Inuzuka tinha como ideia levar milhares de judeus alemães para a Manchuria, com a esperança que eles ajudassem a controlar a fúria da população local com a mão de obra barata. Em 1939, o militar publicou um artigo encorajando a chegada das comunidades judaicas em território japonês e escreveu aos seus superiores dizendo que "os judeus são como um fugu (baiacu); é muito delicioso, mas a menos que você saiba bem como o cozinhar, pode ser fatal".
(Fonte: Wikimedia Commons)
Para Inuzuka, existia o conceito de que os judeus eram "criaturas venenosas", mas que poderiam ser usados para alcançar as comunidades judaicas nos Estados Unidos, expandir a influência japonesa no Ocidente e injetar capital na economia do país. Os conspiracionistas também acreditavam que esses refugiados poderiam trazer mais informações sobre um eventual plano de "dominação global".
Entretanto, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, o Plano Fugu parecia se tornar algo completamente improvável. O governo japonês aparentava não estar disposto a gastar tanto dinheiro financiando a chegada de imigrantes, e os judeus refugiados pareciam criar maiores laços com os Estados Unidos, recusando aceitar o convite para se mudarem para outros países, e tudo teria ido para o fundo do poço com o ataque de Pearl Harbor em 1941.
Além disso, o Império do Japão acabou criando laços políticos com a Alemanha Nazista durante o conflito armado. Sendo assim, qualquer plano que envolvia abrigar judeus alemães refugiados poderia comprometer o bem-estar diplomático entre as duas nações. Por fim, o Plano Fugu acabou nunca saindo do papel e ficou conhecido como apenas mais uma ideia bizarra daquele período histórico.