Estilo de vida
19/11/2021 às 08:00•2 min de leitura
Em uma tentativa de se opor ao ódio que tem marcado os debates na política nacional nos últimos anos, um grupo de ativistas planeja fazer um ato nesta sexta-feira (19), também conhecido como Dia da Bandeira, para defender a inclusão da palavra "amor" antes de "Ordem e progresso" na bandeira brasileira.
Essa proposta, que já foi discutida em outros momentos da história, surge como uma maneira de enviar uma mensagem positiva para uma sociedade que parece dividida e também como uma tentativa de angariar apoiadores para o movimento. O grupo de 20 pessoas tenta sensibilizar a opinião pública para mobilizar o Congresso Nacional, trazendo consigo argumentos históricos e culturais.
(Fonte: Shutterstock)
A primeira vez que a ideia de mudar a bandeira nacional surgiu foi pelas mãos do designer Hans Donner, mais conhecido pelos seus trabalhos na produção de vinhetas para a TV Globo. Além da inclusão da palavra "amor", o grupo também sugeria que a faixa branca que sustenta a frase seja virada com a ponta final direcionada para cima, trazendo um lema mais positivista.
Na visão do designer alemão, que vive no Brasil há 42 anos, a maneira como o símbolo é construído atualmente aponta "inferioridade". Por fim, Donner também acredita que os tons de verde e amarelo usados na bandeira possam ser apresentados em degradê, com um visual mais moderno.
Apesar de o projeto ter sido lançado oficialmente somente no dia 9 de janeiro de 2017, essa é uma ideia que tem sido lapidada há mais de 1 década. “Meu objetivo é propor uma bandeira positiva, o brasileiro tem um sentimento de inferioridade enraizado, que temos que reverter”, disse Donner em declaração à imprensa naquela época.
(Fonte: Shutterstock)
A ideia de mudar a bandeira nacional surge como uma proposta suprapartidária, unindo um grupo diverso de pessoas. Segundo os organizadores, o objetivo é ser o mais amplo possível, mas sempre mantendo as críticas ao atual governo de Jair Bolsonaro e aos apoiadores do presidente, que teriam sequestrado os símbolos nacionais com a apropriação do verde e amarelo.
A iniciativa está majoritariamente concentrada em São Paulo e inclui pessoas próximas às causas sociais, culturais e ambientais, além de indivíduos ligados ao terceiro setor e consultorias de empresas. Embora alguns participantes já terem sido ligados à ex-presidenciável Marina Silva e ao partido Rede Sustentabilidade, nenhum dos dois integra a mobilização.
Dessa vez, o grupo recém-criado, chamado Movimento Amor na Bandeira, divulgará a sua causa em uma reunião virtual às 19 horas desta sexta-feira (19), em um encontro pela plataforma Zoom.
(Fonte: Wikimedia Commons)
De todas as vezes que movimentos incentivando mudanças na escrita da bandeira nacional surgiram, todos tinham em comum a mesma inspiração: o pensamento filosófico do francês Auguste Comte (1798-1857). Inclusive, foi dele que surgiu a inspiração para as palavras escolhidas para a bandeira em 1889, quando houve a Proclamação da República.
Originalmente, a palavra "amor" apareceria na frase da bandeira, mas acabou sendo cortada. Durante sua trajetória como filósofo, Comte lançou o lema positivista "o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim", mas dessa frase apenas as duas últimas partes foram aproveitadas para a bandeira nacional.
Para os manifestantes, o resgate do amor corrigiria um erro histórico na confecção da bandeira e direcionaria o país para um novo rumo. "A negação do amor como princípio nos parece muito simbólica de uma grave lacuna na formação de nossos valores. Não há ordem que faça sentido sem amor, e não é possível fazer progresso com base em uma ordem que vem da violência", destacou o grupo em um manifesto que acompanha um abaixo-assinado virtual.