Artes/cultura
04/12/2021 às 08:00•4 min de leitura
Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro filme baseado na série de livros escritos pela autora britânica J. K. Rowling, chegou aos cinemas em 2001. Depois disso, tanto os livros quanto os filmes que fazem parte da franquia se tornaram verdadeiros sucessos a cada lançamento. Aliás, quase tudo o que diz respeito à saga do jovem bruxo é um fenômeno da cultura pop mundial.
Em 2021, as celebrações do aniversário dos 20 anos de Harry Potter nos cinemas, os eventos com milhares de fãs e os ingressos esgotados provam que a fama e a popularidade do bruxinho continua cativando jovens e adultos. Mas como isso ainda é possível após tanto tempo?
(Fonte: Warner Bros/ Reprodução)
Além da criatividade da autora e da habilidade dos roteiristas dos filmes, outro fator se tornou essencial para o sucesso de Harry Potter: as pessoas se identificam com o protagonista e a história dele.
Em outras palavras, os livros e os filmes agradam porque abordam questões da vida comum de pessoas normais, mostrando conflitos internos, incertezas, falhas, armadilhas e medos, além da disputa entre as trevas e a luz. Embora tudo isso aconteça em um cenário gigantesco e fantástico, Harry também passa por tudo que adolescentes "trouxas" — pessoas que não são bruxas — da sua idade passam.
(Fonte: Internet/Reprodução)
Sem os fãs, muita coisa não seria possível. Foram eles, com a ajuda de Potter, que tornaram o "ser geek" algo legal. Desde o início, as pessoas não queriam apenas ler os livros ou assistir aos filmes; elas queriam discutir tudo com os amigos, comprar itens do universo mágico e ampliar a rede encontrando mais pessoas que gostassem de Harry Potter com a mesma paixão do que elas, por exemplo.
(Imagem: Shutterstock)
Tudo isso coincidiu com o nascimento e a popularização da Web 2.0, ou seja, essa legião de fãs conseguiu se tornar ainda maior e mais ativa interagindo pela internet ou por meio das mídias sociais. A presença desse pessoal na rede era tão intensa que aspectos pouco populares até então, como discussões sobre ficção científica, fantasia e literatura, começaram a ser consideradas comuns.
Além disso, a paixão e a criatividade dos fãs de Harry Potter ultrapassaram as salas de discussão e fandons virtuais. Convenções e eventos de cosplays viraram notícias facilmente devido às milhares de pessoas que atraiam.
Harry Potter também ajudou alguns deles a ficarem famosos. Um exemplo é o ator Darren Criss, que apareceu como Harry em um vídeo viral do YouTube. Isso chamou a atenção de gente de importante, e ele acabou conseguindo um papel na série Glee, além de outros em várias produções — sem contar a dele carreira na Broadway.
Se tem algo que a série de livros de Harry Potter provou para o mundo é que crianças também podem gostar de livros longos. A cada novo lançamento, as vendas explodiam, quebrando um recorde após o outro.
Lançamento dos novos livros e filmes eram eventos gigantes. (Fonte: Foss Bytes/ Reprodução)
Aliás, além de despertar o interesse pela leitura em milhares de crianças e adultos pelo mundo, Harry Potter ainda ajudou a proteger muitas crianças. Ao menos, essa foi a conclusão de um estudo do British Medical Journal. Segundo o levantamento, o lançamento dos livros coincidia com uma queda na quantidade de internações de crianças entre 7 e 15 anos: em vez de estarem arrumando problemas e se machucando, elas estavam lendo.
Os autores do estudo até disseram que: “Há lugar para um comitê de escritores talentosos e preocupados com a segurança que poderiam produzir livros de alta qualidade, com o propósito de prevenção de lesões”.
Muita gente considera os anos 2000 como a idade de ouro para os filmes de fantasia. Não dá para discordar, afinal, em 2001 surgiu Harry Potter e a Pedra Filosofal, assim como o Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel.
(Fonte: Tex/ Amino/ Reprodução)
Os resultados financeiros obtidos pelo filme do bruxinho e pela primeira parte da trilogia baseada nas obras de Tolkien impulsionaram o surgimento de vários outros filmes de fantasia.
Afinal, é bem provável que, sem o sucesso de Harry Potter (HP) e o A Sociedade do Anel (SdA), não teríamos estúdios querendo gastar milhões de dólares para criar sucessos épicos e de fantasia, como a série Game Of Thrones, com cada episódio custando quantias de dinheiro que dariam para fazer um filme inteiro.
Harry Potter é muito mais do que uma série de livros e filmes sobre um jovem bruxo enfrentando problemas pessoais enquanto combate o mal. Também é um alerta sobre os perigos do autoritarismo que leva a regimes ditatoriais.
(Fonte: SABIENNA BOWMAN/ Looper/ Reprodução)
A derrota do vilão, Voldemort, pelas mãos de Harry é um aviso claro que, por mais difícil que seja lutar contra aquilo que está errado, nunca se deve desistir.
Além disso, a importância da compreensão, da empatia e de entender o que é diferente sempre esteve presente nas histórias. Consequentemente, toda uma geração cresceu aprendendo aspectos sobre necessidade da união e da ajuda mútua, tolerância e fraternidade.
(Fonte: Internet/Reprodução)
A autora, J. K. Rowling, vendeu mais de 450 milhões de cópias com a história do bruxinho e, no cinema, não foi diferente: as bilheterias de todos os filmes, somadas, resultaram mais de 3 bilhões de dólares. Isso sem contar todo os itens licenciados oficiais, os parques de diversões temáticos e a franquia spin-off do universo mágico Animais Fantásticos e Onde Habitam.
Com Harry Potter, as companhias de cinema tiveram que lidar com profundas mudanças, especialmente sobre como escolhiam o que seria produzido. Chris Columbus, responsável pela direção dos 2 primeiros filmes de Potter, foi bem sensato ao dizer que as produções foram tão lucrativas que os estúdios continuarão procurando a próxima franquia Harry Potter pelas próximas 4 ou 5 décadas.
As tentativas estão aí. Entre aquelas voltadas para a fantasia que surgiram nos últimos anos com foco em jovens adultos está Jogos Vorazes (2012), que foi a que mais chegou perto de HP. Também tivemos MazeRunner (2014), Divergent (2014) e Eragon (2006). Porém, fato é que nenhuma dessas produções conseguiu repetir ou superar o sucesso de Harry Potter.