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12/01/2022 às 12:00•2 min de leitura
A escrita surgiu por volta de 3500 a.C., quando os povos sumérios desenvolveram o que ficou conhecido como escrita cuneiforme na Mesopotâmia, feita na argila por meio de símbolos cavados no material. Essa primeira escrita completa do mundo era uma replicação escrita palavra por palavra da linguagem falada, assim tornando possível o arquivo de registros cotidianos, econômicos e políticos da época.
Por milhares de anos, escrever foi uma habilidade reservada à elite, pertencente apenas aos escribas, ao clero e à aristocracia. Foi só por volta de 3000 a.C. que os egípcios antigos inventaram o papiro, considerado uma revolução para a arte da escrita e um passo a mais na caminhada na modernidade da civilização humana.
(Fonte: Emo Tours/Reprodução)
A argila podia se partir ou desintegrar, mas o papiro apresentava ainda mais desvantagens e vulnerabilidades do que ela, por ser menos resistente ao fogo e à água. A prova de sua ineficácia é que toda a notória Biblioteca de Alexandria, no Egito, considerada o maior arquivo do mundo antigo, foi reduzida a cinzas por volta de 273 d.C.
No entanto, a argila era mais fácil de se obter das planícies aluviais da Mesopotâmia, mas não muito do Egito, por isso os povos precisaram encontrar uma solução para estabelecer os próprios arquivos. O papiro se tornou uma opção de fácil fabricação porque era oriundo do junco que crescia em todos os lugares ao longo do vale do Rio Nilo.
Crescendo até 5 metros de altura, a planta Cyperus papyrus, além de fornecer o papiro à escrita, servia para muitos aspectos da vida egípcia, como alimentação, corda, cestas, sandálias, brinquedos, itens cerimoniais, amuletos e objetos de proteção espiritual. Sua gama de aplicações compensava sua vulnerabilidade ao fogo e água, então o material se tornou tão parte do cotidiano egípcio que a vida após a morte era conhecida como Campo dos Juncos.
(Fonte: World History Encyclopedia/Reprodução)
Foi o naturalista Plínio, o Velho o 1° a documentar como era feito o papiro, em 77 ou 79 d.C., milhares de anos depois que o material já estava em uso. Visto que o papiro era confeccionado a partir do caule da planta, era necessário que fosse cortado em tiras finas para que se chegasse ao processo de se tornar uma folha.
Após secas, essas lâminas eram mergulhadas em água, onde permaneciam por 6 dias com o propósito de se eliminar o açúcar. De novo secas, elas eram arrumadas em fileiras horizontais e verticais, sobrepostas umas às outras para, por fim, serem prensadas.
Depois de prontas, as folhas eram colocadas entre dois pedaços de tecido de algodão e então mantidas assim por mais 6 dias. Era com o peso dessa prensa que as finas lâminas se misturavam para formar o papel amarelado, pronto para o uso. Finalmente, o papiro era enrolado a uma vareta de madeira ou marfim para que fosse criado um rolo, que seria usado durante a escrita.
(Fonte: Proven Winners/Reprodução)
Esse processo todo levou anos para que os egípcios descobrissem e dominassem. Quando Plínio, o Velho fez sua gravação do processo de fabricação, o papiro já estava em uso pelo menos desde a construção das Pirâmides de Gizé, no século XXVI a.C., sendo que o mais antigo descoberto remonta à 3ª e 4ª dinastias do Antigo Império do Egito.
Todos os papiros encontrados na Modernidade eram documentos legais importantes, repartições governamentais e coleções de pessoas ricas, não de plebeus. Os pobres escreviam em madeira, pedra ou argila, como na Mesopotâmia.