Artes/cultura
25/01/2022 às 06:30•3 min de leitura
Há um tenso clima pairando nas relações entre a Rússia e a Ucrânia. Os ânimos se acirraram quando a Rússia enviou 100 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia. A possibilidade iminente de uma guerra tem causado preocupações com países do Ocidente, em especial, os Estados Unidos, que mantém há décadas uma relação difícil com a Rússia.
A preocupação se acentua, pois não há clareza sobre os movimentos de Vladimir Putin, presidente da Rússia. Os diplomatas e especialistas em relações internacionais não conseguem explicar se a Rússia pretende ou não entrar em guerra com a Ucrânia. Em entrevista coletiva ocorrida em Kiev, capital ucraniana, o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken declarou: “não está clara qual é a demanda central da Rússia”.
Ainda que o conflito ocorra entre dois países europeus, há forte preocupação dos Estados Unidos. Conforme especulações feitas pelo jornal The New York Times, o temor americano é que, caso a Rússia invada a Ucrânia, terá grandes chances de se tornar uma potência expansionista na Europa Oriental, o que ameaçaria outras democracias.
(Foto: Sky)
Rússia e Ucrânia mantêm uma história tumultuada há mais de mil anos. As tensões entre os dois países também têm bases comerciais. A Ucrânia é hoje um grande mercado para as exportações de gás natural, além de ser uma importante rota para o resto da Europa, e servir de casa para mais de 7 milhões de russos.
Existe então uma briga histórica entre duas nações que seriam como “irmãs”. Estudiosos ponderam que a Rússia tende a ver a Ucrânia como parte do seu território, uma vez que os países se originam do primeiro estado eslavo oriental, chamado Kievan Rus, fundado por vikings. A capital desse estado foi estabelecida em Kiev, no século IX. Mas, no século XIII, Kiev foi invadida e o centro de poder mudou para um posto comercial russo chamado de Moscou.
O território de Kiev então foi dividido entre potências rivais: a Polônia, a Lituânia e a Rússia, que conquistaria no século XVIII a maior parte da Ucrânia — que passa então a ser chamada pelos czares como “Pequena Rússia”. Para garantir a hegemonia russa, o estado passa a perseguir o crescimento do nacionalismo ucraniano no século XIX — proibindo, por exemplo, o uso de língua ucraniana nas escolas.
A Ucrânia foi incorporada à União Soviética em 1922, em uma época em que a pequena nação estava em profunda crise: a economia estava em frangalhos e a população passava fome. Durante o período do líder soviético Joseph Stalin, o povo sofre ainda mais: cerca de 10 milhões de ucranianos morrem de fome ou são executados.
Em 1991, 90% dos ucranianos votaram a favor da declaração de independência do país da União Soviética. Mas a Rússia segue se intrometendo nos assuntos da Ucrânia, dando continuidade a uma tensão de milênios, que segue pairando no ar, sempre com a perspectiva da anexação da Ucrânia à Rússia. O professor Daniel Drezner, da Universidade Tufts, resume bem: “a Rússia, sem a Ucrânia, é um país. A Rússia, com a Ucrânia, é um império”.
(Fonte: CNN Brasil)
A declaração oficial do governo russo é de que não há planos de ataque à Ucrânia. Porém, o presidente Vladimir Putin já ameaçou o uso de “medidas técnicas militares apropriadas de retaliação” caso continue aquilo que ele chama de abordagem agressiva do Ocidente.
Um dos pontos de tensão está na participação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conflito. A Rússia teme que a Ucrânia se junte à organização, e acusa os países da OTAN de municiar o país irmão com armas para uma possível guerra.
No entanto, a maior preocupação atual do Ocidente (representados pela OTAN, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia) é menos pela invasão da Ucrânia e mais pela perspectiva de que a Rússia desestabilize toda a Europa, em uma jogada que favoreceria o país de Vladimir Putin.
Por isso, até que os próximos passos da Rússia se revelem, o clima tenso espalhado em todo o planeta deve continuar.