A ousada captura de Adolf Eichmann, um dos mentores do Holocausto

18/02/2022 às 04:003 min de leitura

Membro do Partido Nazista, Adolf Eichmann (1906-1962) foi o nome responsável por articular a Solução Final, o plano nazista de genocídio da população judaica de todos os territórios ocupados pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Com a derrota alemã, Eichmann fugiu para a América do Sul, instalando-se na Argentina. Utilizando um nome falso, o burocrata nazista viveu por anos, até que a Mossad, agência de espionagem e inteligência de Israel, planejou sua captura em território argentino.

Sobreviventes foram fundamentais na caça por Adolf Eichmann

(Fonte: Yad Vashem Archives)(Fonte: Yad Vashem Archives)

Um grupo de sobreviventes do Holocausto decidiu que procuraria nazistas fugitivos, entre eles Eichmann. Com olhos voltados à procura por justiça, a Mossad, agência de espionagem israelense, tomou as rédeas das buscas.

Em 1953, Eichmann foi visto em Buenos Aires. Fotografias dele foram entregues à agência de inteligência por Lothar Herrmann (1901-1974), cuja filha namorava um dos filhos do nazista. À época dos eventos, a Argentina, como outros países do cone sul, vivia um governo autoritário, que não tinha por costume aprovar extradições dos refugiados alemães.

Então, com o endereço de Eichmann em mãos e ciente da política de não extradição do governo local, a Mossad reuniu uma equipe para sequestrar o alemão em território argentino. Era a maneira para que ele pudesse ser julgado por seus crimes.

Com um plano relativamente simples, que envolvia acompanhar a rotina diária de Eichmann, a equipe percebeu que seus passos eram previsíveis e decidiu capturá-lo quando estivesse retornando para casa do trabalho, algo que fazia de ônibus.

Uma captura ao estilo James Bond

(Fonte: Newsweek)(Fonte: Newsweek)

Com o plano orquestrado, um atraso não previsto de cerca de meia hora quase frustrou a prisão do militar alemão. Contudo, assim que Adolf Eichmann desceu do ônibus, a equipe da Mossad o abordou em uma rua silenciosa e escura.

O ex-tenente-coronel nazista tentou evitar a abordagem do agente, pois sentiu medo. Ainda que tenha desviado do homem da Mossad, Eichmann foi abordado por outros dois homens, que o derrubaram no chão, e depois o colocaram em um carro. Preso, o nazista foi levado para um local em Buenos Aires, onde foi interrogado por vários dias, até que decidiram drogá-lo e levá-lo a bordo de um avião direto para Israel.

Julgamento de Eichmann foi um dos primeiros a passar na íntegra na TV

(Fonte: DW)(Fonte: DW)

No ano do julgamento de Eichmann, emissoras de televisão não eram uma realidade em Israel, cuja população tinha acesso às notícias via rádio. Já o restante do mundo acompanhava ao vivo pela TV a íntegra dos depoimentos de sobreviventes do Holocausto. O então primeiro-ministro de Israel, David Ben-Gurion (1886-1973), foi um brilhante estrategista no julgamento.

Gurion sabia que se a condução fosse feita da maneira correta, era peça vital na integração e unificação do jovem Estado de Israel, no qual os habitantes vinham de várias partes do mundo, falando línguas distintas e parecendo ter pouco em comum.

Durante o julgamento, Eichmann tentou manter a fachada que havia construído e utilizado na Argentina: um homem normal, calmo, um burocrata que apenas seguiu ordens do líder do Reich. Foi a partir dessa imagem que a filósofa e teórica política alemã Hannah Arendt (1906-1975) cunhou o termo "banalidade do mal". Arendt afirmava que o nazista não era um psicopata, mas uma pessoa comum e má. Para o autor Guy Walters, Adolf Eichmann era "raivoso e zeloso, e estava encantado em fazer sua parte para matar o maior número possível de judeus".

Primeira e única condenação à morte em Israel

(Fonte: UAI/Reprodução)(Fonte: UAI/Reprodução)

Apesar de os esforços em fazer crer que não era responsável pelo Holocausto, Eichmann foi considerado culpado por um tribunal especial em 11 de dezembro de 1961. Em 15 de dezembro do mesmo ano, foi proferida a sentença: morte por enforcamento.

A execução foi marcada para a noite de 31 de maio de 1962. Relatos afirmam que o condenado estava calmo, pediu uma taça de vinho e recusou usar o capuz oferecido pelo carrasco. Essa foi a única execução já realizada na história de Israel. O corpo de Eichmann foi cremado e as cinzas jogadas fora do território israelense.

Apesar de toda a trama ter sido bem-sucedida, é importante frisar que a captura do alemão foi uma ação ilegal em sua essência, já que Israel não tinha jurisdição sobre um cidadão alemão na Argentina. Acredita-se que não houve problemas diplomáticos em virtude do contexto.

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