Artes/cultura
28/02/2022 às 02:00•2 min de leitura
No fim de 1852, o trem apelidado de "O Açougueiro", que trafegava entre a 10ª e 11ª Avenida West Side, em Nova York (EUA) transportando mercadorias de Albany ao centro da cidade por um bairro industrial de cortiços, havia causado a morte de 436 pessoas, segundo o Bureau of Municipal Research.
Pouco antes de 1906, quando o senador Henry Saxe se sentou com os burocratas ricos de Upper East Side e Lower Manhattan na câmara estadual para dizer que o trem precisava ser interrompido, o veículo já havia matado 200 moradores da região, em sua maioria crianças em idade escolar.
Os senadores se opuseram fortemente, alegando questões burocráticas e econômicas, como o custo para redirecionar o trem e a rota de carga. No fim das contas, ninguém se importava com o quão perigoso o trem era, apenas que a vida dos pobres urbanos não valia tanto quanto a conveniência econômica dos homens do comércio mais ricos da cidade.
(Fonte: Terminal Warehouse/Reprodução)
O governo só se mexeu após a morte prematura e perturbadora de um garoto em 1906, cujo corpo ficou mutilado sobre os trilhos do trem. Eles votaram a favor do projeto de lei de Saxe, que apresentou uma nova proposta em 1908, ou a cidade condenaria a propriedade pertencente à Central Hudson Railway Company, onde o trem foi construído, para poder tomar o controle de suas operações.
Ainda no início do século XX, surgiu a primeira batalha de influência cívica sobre a indignação da classe trabalhadora desprivilegiada contra uma indústria capitalista, visando a prioridades na infraestrutura urbana quando os interesses comerciais entraram em conflito com os direitos das populações, incorporando todos os elementos da época para uma reforma progressista.
(Fonte: Science Photo Library/Reprodução)
Em 25 de setembro de 1908, a guerra na "Avenida da Morte", como ficou conhecida, atingiu seu ápice quando Seth Low Hascamp, de apenas 7 anos, estava tocando e cantando com seus amigos quando o trem o atropelou.
A revolta social ganhou ainda mais força com a declaração do médico legista, que alegou que apenas o garoto era culpado pela própria morte, não a Central Hudson Railway Company.
Um mês depois do acidente horrível, mais de 500 pessoas marcharam em protesto contra a circulação do trem, com muitos benfeitores ricos tomando partido da indignação da comunidade pobre massacrada pelo "boom" econômico e pela urbanização que os descartava.
(Fonte: History101/Reprodução)
A cidade recebeu propostas de várias entidades corporativas e organizações cívicas com ideias do que construir para substituir o trem da Avenida da Morte, enquanto a empresa detentora da ferrovia fazia campanhas para tentar conquistar o interesse do povo.
O governo chegou a uma conclusão de como beneficiar a cidade das duas maneiras em 1929, com a criação da antiga linha de trem High Line, que passava por cima de armazéns e fábricas em vez de ruas movimentadas. O empreendimento ficou pronto em 1934 e permaneceu até 1941.
Atualmente, o local é um parque suspenso muito prestigiado em Nova York.