Ciência
02/04/2022 às 07:00•3 min de leitura
Em algum momento da sua vida, certamente você passou por uma situação difícil. Nestes momentos, talvez você tenha cogitado consultar tarot para obter algum direcionamento. Independente de você acreditar ou não neste oráculo, a verdade é que a história do tarot é bem fascinante.
Não se sabe exatamente onde surgiu a tradição das 78 cartas do tarot. No entanto, elas foram vistas pela primeira vez entre o século XV e XVI na Itália, onde eram usadas com fins mais lúdicos: o baralho era entendido mais como uma brincadeira do que como uma forma de adivinhação.
Com o avançar do tempo, a tradição do tarot foi evoluindo e se difundindo nas diferentes culturas para além da Europa. De um aparato voltado às brincadeiras, ele se tornou uma ferramenta para se observar as tendências esperadas para o futuro.
(Fonte: Unsplash)
O primeiro registro que se tem sobre as regras deste jogo estão em um manuscrito do século XV, escrito pelo italiano Martiano da Tortora. Ele descrevia 60 cartas: 44 com imagens de pássaros e 16 com ilustrações de deuses romanos. As cartas dos deuses (chamadas também de trunfos) eram tidas como superiores.
O tarot começaria a se delinear com as configurações que permanecem até hoje com o Tarocco Bolognese, com 62 cartas, o qual acredita-se ser o primeiro empregado com fins de adivinhação.
Mas é no século XVIII que finalmente surge o tarot que se tornaria uma das principais referências dentro desta tradição. O tarot de Marselha — que nasce na cidade de mesmo nome, na França — já é composto por 78 cartas divididas em dois grupos: os arcanos maiores e os menores.
(Fonte: Chris Gladis/Wikimedia Commons)
Os arcanos menores são as mesmas cartas do baralho tradicional, organizadas em quatro naipes: copas, espadas, paus e ouros. Elas são inferiores aos 22 arcanos maiores, que são as cartas mais famosas do tarot. São 22 figuras que, de alguma forma, contam uma história a partir de sua sequência, que segue em uma jornada que vai do Louco, a primeira carta, até o Mundo, que é a última.
Como as cartas do tarot são sempre as mesmas, elas já geraram incontáveis interpretações gráficas de artistas do mundo todo. Mas vale a pena mencionar que um dos baralhos mais conhecidos é o famoso tarot de Rider-Waite, impresso desde 1909. O nome remete ao editor William Rider e ao místico AE Waite, que bolaram a simbologia das cartas e encomendaram à artista Pamela Colman Smith a produção das ilustrações.
(Fonte: João Bidu)
As 78 cartas de tarot têm, cada uma delas, uma mensagem específica. No caso dos 56 arcanos menores, são mensagens mais pontuais, que apontam, normalmente, a ações. Estas cartas se agrupam em quatro naipes: as cartas de copas (coração) são voltadas aos sentimentos e à vida emocional; as de ouros têm conexão com a materialidade (como questões de dinheiro, trabalho, bens em geral); as de espadas envolvem mais conflitos mentais; por fim, paus (fogo) têm relação com a energia criativa e a capacidade de realização.
Por outro lado, os arcanos maiores carregam mensagens mais contundentes. Eles representam grandes temas da existência humana, mas devem sempre ser interpretados a partir da simbologia que carregam, e não por sua suposta mensagem "literal". Isto quer dizer: a famosa carta da Morte não significa literalmente morte, e sim o fechamento e fim de ciclos, bem como o renascimento. O mesmo vale para as outras 21 cartas: a carta do Mago aponta à capacidade de realização de projetos; o Louco representa o começo de uma jornada, com os riscos que ela inclui; os Enamorados mostra a dificuldade de tomar decisão; o Enforcado indica um período de estagnação, e assim por diante.
(Fonte: Nosferattu/Wikimedia Commons)
Não obstante, saber o significado das cartas não é suficiente para tornar alguém um bom tarólogo. É preciso conhecer os tipos de jogo (o que têm a ver com a quantidade de cartas tiradas por um consulente e a posição que elas são colocadas em cima da mesa) e, acima de tudo, saber interpretar a narrativa formada pelas cartas umas com as outras.
Vale lembrar, por fim, que o tarot é menos uma ferramenta de adivinhação, focada no futuro, e mais um aparato que auxilia no autoconhecimento. A ideia é que ele aponte mais as tendências observadas a partir da ótica do presente.