Artes/cultura
30/03/2022 às 09:00•2 min de leitura
No último final de semana, o Brasil recebeu o Lollapalooza, que contou com dezenas de artistas nacionais e internacionais. E o festival que poderia ter sido marcado pela trágica ausência da banda Foo Fighters, devido à morte do seu baterista Taylor Hawkins, será lembrado por outro motivo: a censura.
Tudo começou durante o show da cantora Pabllo Vittar, que levantou uma bandeira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à eleição para presidência. O partido do atual presidente, o PL, decidiu entrar com uma ação contra o festival no Tribunal Superior Eleitoral, proibindo que artistas se manifestassem politicamente. Como o pedido foi aceito, público e músicos consideraram a ação uma censura à liberdade de expressão e as manifestações políticas só aumentaram.
Este tipo de tentativa de censura não é uma novidade no Brasil. O próximo dia 1º de abril marca os 58 anos do Golpe Militar, período que ficou conhecido por, entre tantas coisas, uma forte censura e perseguição imposta aos artistas, jornalistas e à população civil de maneira geral. Mas não foi só no Brasil que a censura trouxe sérias consequências. Abaixo nós apresentamos outros quatro casos de censura política ao redor do mundo.
(Fonte: Jeff Widener/Reuters/Reprodução)
Começando por um caso de censura que parece saído de um livro de George Orwell: em junho de 1989, a China protagonizou o Massacre da Paz Celestial, quando o exército do país matou centenas de cidadãos, muitos deles estudantes, que protestavam contra o desemprego e a corrupção. O massacre aconteceu entre a noite do dia 3 e a manhã do dia 4 de junho, e no dia 5 foi registrada uma das imagens mais icônicas do século XX: um jovem se posiciona em frente a um comboio de quatro tanques de guerra. A cena rodou o mundo, mas até hoje ela permanece censurada na China, como se nunca tivesse acontecido.
Muro de Berlim, momentos antes de ser derrubado. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Durante a Guerra Fria, a União Soviética contou com um dos maiores aparatos de censura conhecidos na Alemanha Oriental. O Ministério para a Segurança do Estado (MfS), mais conhecido como Stasi, foi um serviço de controle e vigilância, cujo objetivo era garantir um maior controle da população. No livro Stasilândia, a jornalista Anna Funder relata diversos casos de pessoas que viveram sob o regime e eram proibidos de se manifestar publicamente, correndo o risco de serem presos.
(Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Mas não é apenas no mundo contemporâneo que a censura é um problema. Em 399 a.C. ninguém menos que o filósofo grego Sócrates foi condenado devido aos seus pensamentos considerados "polêmicos". Na ocasião, Sócrates vinha defendendo o direito de cultuar diferentes deuses, o que gerou um grande desconforto por parte das autoridades e outras pessoas influentes. Sob a acusação de "não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude", o filósofo foi condenado à pena de morte.
(Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Um dos casos mais conhecidos na história aconteceu com Galileu Galilei. Tudo começou por volta do ano 1610, quando o astrônomo publicou um estudo descrevendo o movimento dos planetas ao redor do Sol. A ideia do heliocentrismo foi proibida pela Igreja Católica em 1616 e os livros de Galileu passaram a ser banidos. No mesmo ano, ele foi julgado pela primeira vez, a pedido do Papa Paulo V e obrigado a abandonar seus estudos. Em 1633, Galileu então com quase 70 anos passou por um segundo julgamento. Ele foi condenado à prisão domiciliar, continuou escrevendo seus livros em segredo, até o dia de sua morte, em 8 de janeiro de 1642, aos 77 anos.