Mistérios
08/06/2022 às 11:00•2 min de leitura
Os portugueses ganharam um novo museu no início do mês de junho — e não se trata de qualquer um. O Museu do Tesouro Real tem como objetivo expor peças relacionadas ao tesouro da antiga Coroa Portuguesa. São joias em ouro e diamante de valor elevadíssimo, tanto histórico, como artístico e de mercado.
Para proteger essas peças de possíveis roubos, o museu foi construído como uma espécie de cofre, dentro de uma caixa-forte que está anexada a um novo prédio do Palácio da Ajuda.
Trata-se de um dos maiores cofres do mundo. São 40 metros de comprimento, 10 metros de largura e 10 metros de altura. O equipamento conta com vidro a prova de balas, moderno sistema de vigilância, portas blindadas de cinco toneladas e outros itens que fazem dele um dos cofres mais seguros do planeta.
De acordo com representantes do museu, no país, seu sistema de segurança só é comparado ao da Casa da Moeda portuguesa e ao Banco Central de Portugal. Para Pedro Moreira, diretor de operações do Museu do Tesouro Real, “não existe no mundo nenhum museu com estas características todas”.
Todo esse cuidado não é exagero, pois em 2002, joias portuguesas que estavam em exposição na Holanda foram roubadas — e jamais recuperadas.
Pepita de ouro brasileira. (Fonte: Reprodução: DGPC/ADF Luísa Oliveira/tesouroreal.pt)
Algumas peças em exposição vieram diretamente do nosso país. Uma delas é, simplesmente, a segunda maior pepita de ouro do mundo. Pesando mais de 20 kg, a peça é apenas um dos exemplares do ouro extraído do Brasil durante o período colonial — existem várias outras pedras brasileiras de menor tamanho.
Há também um diamante bruto extraído de Minas Gerais com mais de 138 quilates, pesando cerca de 27 gramas — além do famoso “diamante de Bragança”, que, na verdade, é uma água-marinha.
Diamante mineiro. (Fonte: Reprodução: DGPC/ADF Luísa Oliveira/tesouroreal.pt)
Além das peças brasileiras, o museu ainda conta com outros itens da coroa, tendo um vasto acervo de joias e objetos decorativos que datam do século XVI ao século XX.
A exposição busca contextualizar as peças, mostrando que elas faziam parte de um complexo sistema de poder que ia além da mera exposição de riqueza. Há itens que foram dados como dote de princesas, pagamentos feitos à Igreja etc.
Ainda de acordo com o diretor do museu, as peças mais valiosas não são, necessariamente, as pedras preciosas, mas alguns objetos históricos da realeza: “A insígnia rica ou o tosão de ouro grande de D. João VI, que tem uma vitrine só dedicada a ela, a laça das esmeraldas que pertenceu à rainha da Espanha Maria Bárbara de Bragança, a Ordem da Grande Cruz e a placa de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, feitas para aclamação de D. João VI em 1818 no Rio de Janeiro”, revelou à agência Lusa.
A ideia de reunir esse acervo em um local de exposição era antiga. O museu demorou 226 anos para ficar pronto. Entre os desafios estavam a dificuldade de preservar o edifício, o custo e as intensas mudanças do continente europeu durante esse período. A obra custou 31 milhões de euros, sendo que mais de 4 milhões vieram da indenização recebida pelo governo de Portugal pelo roubo das joias na Holanda.