Ciência
30/08/2022 às 10:15•3 min de leitura
A ministra Cármen Lúcia levou ao Supremo Tribunal Federal a proposta de que a justiça peça perdão pela deportação da Olga Benário, mulher judia e esposa do líder revolucionário Luís Carlos Prestes.
Olga era militante comunista e foi entregue pelo governo brasileiro, então nas mãos de Getúlio Vargas, aos nazistas em 1936, enquanto estava grávida de sete meses. Por consequência, ela foi torturada e morta em uma câmara de gás. 86 anos depois, Cármen Lúcia sugere que haja algum tipo de reparação à sua família e à sua história.
(Fonte: Toda Matéria)
Nascida em 12 de fevereiro de 1908 em Munique, na Alemanha, Olga Gutmann Benário vinha de uma família rica. Seu pai, Leo Benário, era um advogado que fazia parte do Partido Social-Democrata Alemão e tinha um reconhecido trabalho junto aos pobres da cidade.
Aos 15 anos, Olga teve o primeiro contato com o comunismo. Ela ingressou no Grupo Schwabing, e mudou-se para Berlim com o namorado Otto Braun. Na capital da Alemanha, passou a participar das organizações que combatiam o crescimento da extrema-direita encabeçada pelo nazismo.
Em pouco tempo, Olga já tinha uma participação relevante dentro do Partido Comunista, sendo conhecida de muita gente. Ela foi presa pela primeira vez em 1926, após ter sido acusada de agitação contra a República de Weimar. A militante ainda era constantemente interrogada para dar informações sobre Otto Braun, que era acusado de traição à pátria.
Quando, em 1928, Olga participou do ataque à prisão Moabit, onde Braun estava preso, ela passou a estar entre as pessoas mais procuradas da Alemanha. A jovem então fugiu de seu país e encontrou abrigo na União Soviética, onde completou seus estudos sobre marxismo. Em Moscou, aliás, ela receberia uma missão que mudaria sua vida para sempre: Olga foi encarregada de escoltar Luís Carlos Prestes ao Brasil.
(Fonte: Aventuras na História)
O militar e político gaúcho Luís Carlos Prestes havia liderado, entre 1924 e 1927, a Coluna Prestes, um movimento que percorreu o interior do Brasil denunciando os desmandos dos governantes da Primeira República, especialmente Artur Bernardes. Com o desmonte da Coluna, ele tornou-se conhecido entre os comunistas do mundo todo, e foi residir em Moscou.
Prestes foi eleito em 1934 para ser membro da comissão executiva da Internacional Comunista, e recebeu a incumbência de retornar ao Brasil para liderar um levante socialista. Olga foi encarregada, junto de uma comitiva, a acompanhar o político até o país.
Segundo Anita, filha de Olga e Prestes, sua mãe recebeu a missão de passar-se por esposa do político durante a viagem. No entanto, eles realmente se apaixonaram no translado e vieram se casar.
No Brasil, Luís Carlos Prestes recebeu a tarefa de liderar um movimento contra Getúlio Vargas. Ele tornou-se presidente de honra da ANL, movimento antifascista que pertencia ao PCB.
O novo movimento liderado por Prestes ficaria conhecido como Intentona Comunista. Contudo, o levante fracassou muito rapidamente, e Olga Benário e Luís Carlos Prestes passaram a ser perseguidos pelo governo Vargas.
Eles acabaram presos em 1936, e sofreram tortura pela polícia. Olga já estava grávida na ocasião, mas, mesmo assim, recusou-se a falar e a entregar informações sobre o seu grupo.
(Fonte: Boitempo)
Por decisão do próprio presidente Getúlio Vargas, foi decretada a deportação de Olga Benário à Alemanha. A ordem era ilegal, uma vez que a militante estava grávida de uma criança brasileira. No entanto, o ato de Vargas foi apoiado pelo Congresso e pelo STF, e Olga foi colocada em um navio para ser entregue ao partido nazista na Alemanha.
Chegando em Hamburgo, Olga foi recebida pela Gestapo e levada até a prisão de Barminstrasse, em Berlim. Em 27 de novembro de 1936, ela deu à luz a filha do casal, Anita Leocádia Prestes. Por conta da pressão internacional feita pela avó da menina, ela foi entregue à família e não posta em um orfanato.
Em 1942, Olga foi encaminhada para um campo de extermínio em Bernburg, onde seria executada em uma câmara de gás. Sua família, no entanto, só foi comunicada sobre sua morte em 1945, depois do fim do Terceiro Reich.