Artes/cultura
22/09/2022 às 02:00•2 min de leitura
Quem teria sido o maior traficante de drogas de todos os tempos? Nomes como Pablo Escobar, Joaquín Guzmán (El Chapo) e Rafael Caro Quintero são fortes candidatos ao título, mas nenhum deles chegou perto de faturar o que a rainha Vitória ganhou ao traficar ópio para a China, no século XIX.
Considerada por muitos como a “maior traficante de drogas da história”, Alexandrina Vitória Regina herdou o trono britânico após a morte do tio, o rei Guilherme IV, em 1837. Dali em diante, comandou o Reino Unido por 64 anos, até 1901, período que ficou conhecido como “Era Vitoriana”.
Sua relação com as drogas surgiu de uma necessidade de equilibrar as finanças do país. Para garantir a importação do chá chinês, a realeza deu, em troca, grandes quantidades de prata, resultando em um enorme déficit comercial para a Grã-Bretanha.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Para equilibrar a balança, o Império Britânico apostou na venda do ópio, produzido nas colônias da Índia, para a China. E o resultado foi imediato, com a população do país asiático se viciando na substância analgésica, pagando qualquer valor para não ficar sem ela.
Com o consumo de ópio crescendo entre os chineses, o desequilíbrio comercial mudou de lado. Agora, era a China quem enfrentava problemas, devolvendo a prata paga pelo chá em troca da substância viciante, enchendo os cofres da coroa britânica.
Mas a operação comandada pela rainha Vitória não demorou a ser considerada ilegal. Determinado a acabar com o negócio que estava levando o país à falência, o imperador chinês proibiu o consumo de ópio e despejou milhares de toneladas da droga no mar.
(Fonte: Unsplash)
A jovem rainha não demorou a reagir, declarando a Primeira Guerra do Ópio (1839 a 1842) e, anos depois, a segunda (1856 a 1860). Os conflitos terminaram com o exército chinês devastado e Hong Kong entregue ao império britânico, território que passou a ser utilizado para levar os narcóticos aos viciados na China.
Estima-se que, no auge, as vendas de ópio para o mercado chinês representaram de 15% a 20% da receita anual do Reino Unido. Mas ao contrário dos traficantes da era moderna, Vitória não precisou esconder de onde vinha seu lucro altíssimo nem viver fugindo das autoridades.
Além de traficar ópio, ilegal em seu país, a rainha Vitória também usava a substância. Enquanto os chineses a fumavam em cachimbos, a monarca a ingeria na forma de láudano, uma bebida feita à base de álcool e ópio que ela tomava um copo todas as noites, para ajudar a dormir.
Outra droga consumida por Vitória era a cocaína, até então considerada legal. Neste caso, ela mascava chicletes de cocaína para aliviar dores de dente, ao mesmo tempo em que o produto fornecia doses extras de energia e autoconfiança.