Ciência
29/10/2022 às 06:00•2 min de leitura
Descrita várias vezes ao longo da história, a Oomancia, ou a prática de prever o futuro através da manipulação de ovos, ganhou seu nome na Grécia com a união das palavras ovo (oon) e adivinhação (manteia). Porém, tal prática parece ser comum em culturas do mundo todo.
O historiador romano Caio Suetónio Tranquilo descreveu como a imperatriz Lívia Drusila mantinha um ovo em seu decote com o intuito de prever o sexo do seu filho ainda não nascido. Os druidas realizavam adivinhações com ovos durante a celebração do Samhain, feriado que deu origem ao Halloween, e pagãos alemães usavam a técnica para saber se uma criança estava enfeitiçada.
Além destas, culturas da Ásia e da América Latina também contam com essa forma de adivinhação, mas um dos relatos mais interessantes é o de John Hale, um reverendo puritano que escreveu sobre os julgamentos das bruxas de Salém.
(Fonte: Shutterstock)
John Hale participou ativamente da caça às bruxas ocorrida em Salém, que de 1692 a 1693 levou mais de 200 pessoas a julgamento por bruxaria. Hale era reverendo na região e tinha como papel ouvir as confissões das supostas feiticeiras. Após a morte do reverendo, foram publicados seus escritos sobre todo o processo sob o nome de A modest enquiry into the nature of witchcraft (Investigação sobre a natureza da feitiçaria, em tradução livre).
Um dos métodos de adivinhação descritos no livro de Hale é a Oomancia, que ele chamou de Vidro de Vênus. As supostas bruxas despejavam uma clara de ovo crua dentro de um copo com água morna e observavam as formas que a clara assumia ao entrar em contato com a água. Essas formas ofereceriam previsões sobre com quem a pessoa iria se casar ou como ela iria morrer.
Peter Muise, autor do livro Witches and Warlocks of Massachusetts (Bruxas e Feiticeiros de Massachusetts, em português), explica que se a bruxa visse a forma de um arado ou um cavalo nas claras, o marido da consulente seria fazendeiro, se parecesse com uma fortaleza, ele seria um soldado ou se fosse similar a um barco, significava um marido pescador.
(Fonte: Shutterstock)
Muise aponta duas possíveis explicações para o uso de ovos como forma de adivinhação. Primeiro, há a relação dos ovos com o próprio ciclo de da vida. Mas a hipótese mais provável é a de que os ovos eram simplesmente um material de fácil acesso.
Segundo o autor, nas suas pesquisas ele encontrou relatos de mágica com maçãs, ovos, repolho, nozes e outros alimentos porque era o que as pessoas tinham em casa. Não havia cartas de tarô ou cristais como muita gente imagina.