Ciência
08/12/2022 às 08:56•2 min de leitura
As notícias que têm chegado do Peru mostram que a crise política enfrentada há anos pelo país parecem ter chegado no ápice com uma tentativa fracassada de golpe do presidente Pedro Castillo. Nesta quarta-feira, dia 7, o presidente mandou dissolver o Parlamento (o que o faria governar por decretos), antecipar eleições e decretar um estado de exceção. Só que não deu certo.
O Congresso - que, em maioria, faz oposição ao presidente - ignorou a ordem de dissolução e destituiu Castillo poucas horas depois, aprovando uma moção de vacância (que funciona como uma espécie de impeachment). Em seguida, a vice-presidenta, Dina Boluarte, foi convocada para tomar posse como presidenta do Peru.
Todo o movimento promete encerrar os 16 meses de gestão tumultuada de Pedro Castillo, em que ocorreram atritos permanentes entre Legislativo e Executivo e um enfraquecimento da figura do presidente frente à população. A própria equipe de Castillo se opôs à tentativa de golpe, e vários de seus ministros anunciaram renúncia de seus cargos.
A situação do presidente é tão grave que até o advogado de Castillo no processo de impeachment, Benji Espinoza Ramos, declarou que precisaria renunciar à sua defesa por conta de haver uma tentativa de "ruptura da ordem constitucional".
(Fonte: Folha PE)
À sequência da tentativa de golpe e da destituição do presidente, Pedro Castillo foi detido pela polícia na Prefeitura de Lima e posteriormente transferido para a sede da Direção de Operações Especiais (Diroes), onde permanece até o momento. Ele é acusado dos crimes de rebelião e conspiração, por violar a ordem constitucional.
Os movimentos feitos por Castillo foram logo chamados de tentativa de golpe pela imprensa do Peru, bem como pelos deputados da oposição. A vice Dina Boluarte também ausimiu o mesmo discurso, bem como as forças militares. O comando militar emitiu uma nota em que se lê que "qualquer ato contrário à ordem constitucional estabelecida constitui uma infração à Constituição e não será acatado pelas Forças Armadas e pela Polícia Nacional do Peru".
(Fonte: Sucesso FM)
O Peru vive nesse momento um estado de incerteza sobre os seus rumos. A presidenta Dina Boluarte pediu trégua à oposição como uma tentativa de abater a crise institucional e tentar apaziguar os ânimos no país após a tentativa de golpe. Nas próximas horas, ela deverá estabelecer seu gabinete ministerial como uma forma de enfrentar a crise política.
Boluarte se tornou a primeira presidente mulher da história do Peru, e seu mandato deve se estender até julho de 2026. Ela é a sexta pessoa a assumir o cargo mais alto do país em cinco anos.
A nova presidenta é uma advogada de 60 anos, nascida em Chalhuanca, Apurímac. Em 2018, ela foi candidata a prefeita de Surquillo, pelo Partido Peru Libre. Nas eleições de 2021, foi candidata à vice-presidência pelo partido Peru Libre, na chapa encabeçada por Castillo.
Em seu primeiro discurso como chefe de Estado, Dina Boluarte fez apelos à unidade nacional e pediu que os partidos deixem de lado suas diferenças para haver a diminuição da crise e o reestabelecimento da ordem.