Por que a Etiópia está 7 anos atrasada?

30/03/2023 às 12:302 min de leitura

Foi no fim do quarto milênio a.C., durante a Idade do Bronze, que os humanos começaram a usar calendários para marcar a passagem do tempo, sendo os povos sumérios os primeiros a fazerem isso. Naquela época, cada mês possuía 29 ou 30 dias, dependendo se o primeiro dia tinha ou não Lua cheia. Esses calendários antigos geralmente tinham como base as fases da Lua e o ano solar.

De lá para cá, várias culturas desenvolveram calendários e nem todos os países seguem o mesmo tipo de cronograma. Israel funciona pelo calendário judeu, enquanto a Arábia Saudita opera pelo calendário islâmico. 

E é por isso que, com relação a boa parte do mundo, a Etiópia está 7 anos atrasada.

O tempo diferente

(Fonte: The Fantastic Worlds/Reprodução)(Fonte: The Fantastic Worlds/Reprodução)

Nesse momento, o ano na Etiópia é 2015, que foi há 8 anos para as pessoas, incluindo os brasileiros, que usam o calendário gregoriano ocidental, em que cada ano possui 12 meses. Mas o país do Chifre da África, que possui mais de 120 milhões de habitantes, usa um calendário com 13 meses por ano.

Os etíopes marcam o tempo por meio do antigo calendário Bahere Hasab ("mar de pensamentos" em português) em que a data de nascimento de Jesus Cristo foi em 7 a.C., ou seja, 5.500 anos após a promessa de Deus em salvar Adão e Eva quando se arrependeram de seus pecados e foram expulsos do Jardim do Éden.

Muito diferente do que acontece no calendário gregoriano que, apesar de também se basear no nascimento de Cristo, faz os cálculos a partir de 1 d.C.

(Fonte: NIST/Reprodução)(Fonte: NIST/Reprodução)

O Bahere Hasab possui 13 meses em um ano, dos quais 12 possuem 30 dias. O último mês, chamado Pagume, normalmente com 5 dias, fica com 6 dias em um ano bissexto, em contraste com o gregoriano, que possui meses que podem ter menos ou mais de 30 dias.

Os etíopes comemoram o início de um novo ano a cada 11 de setembro, ou 12 de setembro, em caso de ano bissexto. E isso significa também que eles comemoraram a virada do milênio deles no nosso 11 de setembro de 2007.

Apesar das diferenças em datas e feriados, os turistas dificilmente experimentam inconvenientes porque a maioria dos nativos conhece o calendário gregoriano. O mesmo, porém, não se aplica às horas.

O problema das horas

(Fonte: Unsplash/Reprodução)(Fonte: Unsplash/Reprodução)

Existem duas maneiras de contar as horas na Etiópia, uma vez que a luz do dia é muito forte pelo país estar próximo da linha do Equador. A maioria dos etíopes usa um relógio de 12 horas, com um ciclo de 12 a 12 horas, ou seja, do amanhecer ao anoitecer, e depois outro do anoitecer ao amanhecer.

Portanto, 7h, conforme o fuso horário da Etiópia, é 1h, enquanto 19h é 13h em seu horário local. Para o professor Wudu Tafete, a maneira que os etíopes contam as horas é simplesmente prática e funcional para a região.

(Fonte: Freepik/Reprodução)(Fonte: Freepik/Reprodução)

Até porque, como as horas de luz solar no país são consistentes ao longo do ano, faz sentido começar o dia à 1h, quando o sol nasce. Muito diferente do que acontece na Europa, por exemplo, onde os dias de inverno são mais curtos e as noites bem longas, sendo que no verão acontece o oposto. 

“O dia tem 12 horas porque a Etiópia fica três graus ao norte do Equador”, explicou Tafete.

O método é confuso para os estrangeiros no começo, mas é uma questão de tempo até entenderem como tudo funciona na Etiópia.

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