Crucificação: qual foi o primeiro povo a crucificar seus inimigos?

01/05/2023 às 11:002 min de leitura

A pena de morte é até hoje um tema polêmico. Contudo, esse debate não começou hoje. Povos antigos tinham na execução de condenados uma forma de punir aqueles que erraram, mas, também, de amedrontar outros indivíduos visando evitar que também afrontassem a liderança local — e um dos piores modos de se matar alguém durante a história foi a crucificação.

É natural que quando falemos em crucificação pensemos na trajetória de Jesus Cristo, mas, durante séculos, outras pessoas menos famosas foram condenadas a morrer na cruz, uma tortura incorporada como método punitivo em várias civilizações.

Qual foi o primeiro povo a crucificar seus inimigos?

A tortura era parte da cultura dos assírios. Fonte: Getty ImagesA tortura era parte da cultura dos assírios. Fonte: Getty Images

Embora os romanos tenham deixado essa forma de matar eternamente famosa, essa ideia não surgiu em Roma. Séculos antes, os assírios já crucificavam — e é creditada a eles a criação desse método.

Os assírios criaram um império mesopotâmico em um território que hoje compreenderia partes da Turquia, do Iraque e da Palestina, chegando em épocas até o Egito. Essa civilização, também chamada de neo-assíria, teria surgido no ano de 900 a.C. e sobrevivido até o ano de 600 a.C.

Eles se impunham pela violência e crucificar aqueles que consideravam inimigos era uma forma de amedrontar as pessoas que sobreviviam, além de fazer crescer a fama dos seus guerreiros.

Outras civilizações, como os babilônicos e os persas, incorporaram a crucificação como método punitivo, até que essa tortura chegasse ao Império Romano.

O que tornava a crucificação tão cruel?

Fonte: Getty ImagesFonte: Getty Images

Muitos métodos odiosos de tortura foram e ainda são aplicados aos prisioneiros, mas a crucificação traz requintes de crueldade que surpreendem.

Em primeiro lugar, há a espetacularização da morte. Métodos de tortura, como os empregados pela Ditadura Militar brasileira, eram feitos às escondidas, por exemplo. Na crucificação, a morte era acompanhada por todos os cidadãos da cidade — para não ver o chicoteamento do condenado era preciso se esforçar, pois ele começava nas vias públicas.

Em seguida, temos o tempo que se levava para que a morte ocorresse. Dependendo dos ferimentos, o condenado agonizava por dias. Como os guardas romanos só poderiam abandonar o local após a morte do prisioneiro, muitos aceleravam o processo. O crucificado lidava com hemorragias, insolação, desidratação, confusão mental, dificuldade para respirar, parada cardíaca, entre outras situações que lhe traziam dor.

O filósofo romano Cícero teria deixado clara a sua indignação com a crucificação: "Somente a palavra 'cruz' por si só deveria estar longe não apenas do corpo de um cidadão romano, mas também de seus pensamentos, de seus olhos, de seus ouvidos.".

Quando a crucificação deixou de ser aplicada?

Busto de Constantino I Fonte: Getty ImagesBusto de Constantino I Fonte: Getty Images

A crucificação deixou de ser usada apenas 400 anos após a morte de Jesus. Foi durante o governo de Constantino I, o primeiro imperador romano a se tornar cristão.

Em 2018, arqueólogos italianos divulgaram um estudo sobre um cadáver de um homem de 30 anos crucificado na Itália. Trata-se da segunda evidência arqueológica de crucificação realizada pelo Império Romano — o primeiro havia sido encontrado em 1968, em Jerusalém.

Em sua sepultura, não havia nenhuma informação sobre a sua identidade, mas sabe-se que ele não era romano, pois essa pena só era aplicada a escravos, estrangeiros — como os judeus — e, posteriormente, cristãos.

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