Artes/cultura
09/05/2023 às 04:00•2 min de leitura
Os reis sempre fizeram de tudo para serem eternizados. Com Dario I, o Grande, não seria diferente. É daí que nasce a maravilhosa Inscrição de Behistun, um importante documento histórico localizado na província de Kermanshah, no Irã. A inscrição foi encomendada pelo próprio Dario I lá por volta do ano 515 a.C.
A inscrição descreve, em três textos iguais, mas em idiomas cuneiformes distintos (babilônico, elamita e persa antigo), a glória da Pérsia e a ascensão de Dario I como rei do Império Aquemênida, contando sobre como ele se saiu vitorioso em várias guerras e como reagiu às rebeliões que tentaram o derrubar.
A Inscrição de Behistun conta as vitórias de Dario I, o Grande, que foi rei do Império Aquemênida. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A inscrição de Behistun é uma maravilha da arte e da história antiga. Com 414 linhas em persa antigo, 593 linhas em elamita e 112 linhas em babilônico, a inscrição é uma das mais importantes fontes de informações sobre o império persa aquemênida.
A obra traz a representação de Dario de forma imponente, mostrando o rei segurando um arco e com um dos pés sobre Gaumata (impostor que se passou pelo irmão do rei Cambises II para usurpar seu trono). Diante dele estão dez pessoas capturadas, representado o domínio e as vitórias do rei persa.
Acima de Dario, apenas a presença de Faravahar, a divindade zoroastrista, que paira sobre o rei como símbolo da proteção divina do império persa.
Toda essa história está gravada numa montanha no Irã, medindo impressionantes 15 metros de altura e 25 de comprimento. A ideia de Dario era fazer com que todos que passassem por ali tivessem clareza do seu poder.
O texto está escrito num penhasco no Irã. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A tradução da inscrição foi um desafio enorme para os especialistas da época, pois a escrita cuneiforme era uma escrita que havia sido perdido há muito tempo.
O alemão Georg Grotefend foi o primeiro a fazer progressos significativos na decifração do texto em 1802. Henry Rawlinson, um oficial britânico, continuou o trabalho de Grotefend, fazendo grandes avanços e conseguindo decifrar os demais textos.
A importância da inscrição de Behistun está no fato de ser a "pedra de Roseta" da escrita cuneiforme.
A Pedra de Roseta é uma antiga estela de granito inscrita com um decreto em três escritas diferentes — hieróglifos egípcios, demótico e grego. A descoberta da Pedra de Roseta permitiu que os pesquisadores decifrassem a escrita hieroglífica egípcia, abrindo as portas para a compreensão do Egito Antigo.
De maneira semelhante, a Inscrição de Behistun permitiu a decifração da escrita cuneiforme, o que ajudou aos pesquisadores a decifrar vários textos antigos, possibilitando compreender melhor a história da Pérsia Antiga e de toda a Mesopotâmia.