Artes/cultura
09/05/2023 às 11:00•2 min de leitura
Para nós, é bastante simples presumir que o príncipe Charles se tornaria o rei Charles, ao assumir o trono. Mas a verdade é que ele poderia escolher outro nome para se identificar enquanto monarca do Reino Unido.
O avô de Charles, pai da Rainha Elizabeth II, fez isso: o nome verdadeiro dele era Albert, mas ele ascendeu ao trono como George VI. A ideia era simbolizar a continuidade do reinado de seu pai, George V, depois da polêmica abdicação do irmão, Edward VIII.
Embora outras alternativas tenham sido cogitadas — como George VII —, o rei coroado em 2023 preferiu a opção mais simples. Tornou-se o rei Charles III. Porém, se ele é o terceiro com esse nome, quem foram os outros dois Charles?
Há uma piada sobre esse rei que resume bastante a história: o fato mais interessante sobre o Rei Charles I é que ele começou seu reinado com 1,67 m e terminou com 1,48 m de altura. Afinal, ele foi decapitado após anos de tensões com o parlamento.
Charles I nasceu na Escócia, em 1600, e se tornou herdeiro do trono depois que seu pai, filho de Maria Stuart, sucedeu a tia Elizabeth I no trono da Inglaterra. Então, em 1625, ele se tornou rei — mas não sem muitos atritos com o parlamento inglês.
Ele tentou governar sem o parlamento e a tensão escalou, até que uma guerra civil se instalou, em 1642. As tropas escocesas, leais ao rei, lutaram contra as tropas do parlamento inglês até o rei ser capturado, em 1647.
Os captores exigiam a instalação de uma monarquia constitucional — onde o rei tem papel de chefe de estado, mas não de chefe de governo —, como é o Reino Unido hoje. Como Charles I não aceitou, ele foi julgado e condenado por traição, em 1649.
O rei Charles I (Fonte: Wikimedia Commons)
O segundo Charles era filho do primeiro, mas só assumiu o trono em 1660. Isso porque, após a morte do antigo rei, a Inglaterra foi uma república, liderada por Oliver Cromwell, o homem que ordenou a morte de Charles I. Acontece que, após a morte de Cromwell, uma crise sucessória se instalou — e a elite inglesa resolveu trazer um monarca novamente.
Charles II era o mais velho dos filhos vivos de Charles I. Logo, a coroa caiu na cabeça dele.
Seu reinado foi muito mais bem sucedido, tanto que ele morreu de causas naturais. Mas não passou sem muitas polêmicas: embora ele tenha se esforçado para trazer liberdade religiosa ao reino, sempre na tensão entre católicos e protestantes, houve uma polêmica quando seu irmão e herdeiro aparente se converteu ao catolicismo.
Até porque Charles II não deixou nenhum herdeiro legítimo. Ele se casou com a portuguesa Catarina de Bragança e teve 12 filhos — mas todos com amantes. Tem quem diga que vários nobres dos séculos seguintes, como Lady Di, são descendentes de Charles II por seus filhos ilegítimos. Ele deu títulos para todos e fez a esposa conviver com vários.
O rei Charles II (Fonte: Wikimedia Commons)
Além disso, Charles II tratou de se vingar dos assassinos de seu pai. Não apenas ordenou a morte dos que estavam vivos, como desenterrou o corpo de Oliver Cromwell, decapitou-o e pôs a cabeça em uma estaca.
Mas a história não acaba aí. Quando James II, o irmão mais novo de Charles II, assumiu o trono em 1685, os ingleses não ficaram nada felizes em ter um rei católico. Além disso, assim como o pai, James quis reinar por conta própria, de forma absolutista.
Em 1688, James II foi deposto. A filha dele, a protestante Mary, foi colocada no lugar. Mas outro filho, James III, permaneceu reclamando o trono. O filho de James, Charles, reclamou por mais um tempo — se autodenominando Charles III.
Mesmo lutando algumas batalhas, a coroa britânica continuou com George II. E o único Charles III nos livros de história será o atual monarca, coroado em 2023.