Ciência
02/06/2023 às 06:30•2 min de leitura
Este ano, estreia mais um filme da franquia Indiana Jones, saga cinematográfica iniciada em 1981, com Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, e que já gerou cinco filmes desde então.
O personagem, vivido em todos os filmes do Harrison Ford, ajudou a divulgar a área da arqueologia por todo o mundo. Mas especialistas dizem que Indiana Jones talvez não fosse um arqueólogo tão bom assim. Confira 4 erros que os filmes nos ensinaram sobre este ramo da ciência.
(Fonte: Cinema Blend)
O primeiro filme da série, Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, se passa na década de 1930. Por conta disso, há a premissa de que a obra deva retratar com verossimilhança os costumes desse tempo histórico.
Segundo o antropólogo Bill White, da Universidade da Califórnia, nesta época, 99% dos arqueólogos eram homens brancos - por isso, a escolha de Harrison Ford para o papel condiz com a realidade. Mesmo assim, Indy toma atitudes que destoam dos preceitos da profissão: ele não toma precauções de segurança, seguidamente ignora os desejos dos povos indígenas e aparece destruindo vestígios arqueológicos, algo que alguém da área nunca faria.
(Fonte: IMDB)
Nos filmes da franquia, Indy é um professor universitário e ensina Arqueologia da Marshall College, uma faculdade fictícia. Ele também tem um amigo e colaborador, Marcus Brody, que trabalha como curador em um museu e o ajuda a organizar suas aventuras.
Segundo os especialistas da área, 90% dos arqueólogos americanos trabalham hoje num setor chamado de gestão do patrimônio ou gestão de recursos culturais. Nos Estados Unidos, este é um ofício realizado sobretudo por empresas privadas e agências federais.
E dificilmente esses profissionais realizam caças ao tesouro, como fazia Indiana Jones. Seu trabalho costuma ser mais burocrático.
(Fonte: Mel Magazine)
Muitos arqueólogos defendem que Indiana Jones difundiu uma ideia totalmente distorcida do que faz um profissional dessa área - como se todo trabalho se resumisse à procura e obtenção de artefatos culturais perdidos O problema é que as coisas não funcionam bem assim.
Na Arqueologia, não há abordagens científicas e metodológicas que endossem o modus operandi de Indy, que vai a qualquer lugar e pega o que quiser. Na vida real, o que os profissionais costumam fazer é a documentação e registro dos materiais encontrados.
Em relação a isso, a arqueóloga Kassie Rippee explica: “o trabalho baseado em Arqueologia é apenas uma parte do meu trabalho. Eu reviso e coordeno as leis e regulamentos. Eu monitoro um pouco da atividade de construção e faço determinações sobre como os projetos de construção afetarão os recursos tribais.” Certamente, a parte burocrática do ofício não renderia um filme de aventura.
(Fonte: Indiana Jones Wiki)
Indiana Jones tem uma espécie de bordão que por vezes repete nos filmes, quando encontra um objeto valioso e diz que "isso pertence a um museu". Contudo, os verdadeiros arqueólogos acreditam que esta é a pior ideia que circula nos filmes da franquia.
Isto ocorre porque a frase legitima a concepção de que colecionadores particulares têm o direito de procurar, comprar ou até roubar relíquias culturais. "Não há um único objeto que pertença a um museu. Objetos pertencem a suas comunidades", afirma Annalisa Heppner, arqueóloga do Museu de Antropologia Haffenreffer.
Sven Haakanson, que é curador de antropologia nativa americana no Museu Burke de História Natural e Cultura em Seattle, sugere ainda que os museus deveriam ser repensados, pois muitas vezes eles funcionam como instituições que se apropriam com patrimônio cultural dos povos. "Muitas vezes, fico com raiva por um objeto estar em um museu e não pertencer às pessoas originais. Agradeço que tenha sido cuidado, mas precisamos trazer pertences e conhecimento de volta para as comunidades", explica.