Artes/cultura
26/06/2023 às 06:38•2 min de leitura
No ano 44 a.C., o ditador romano Júlio César foi assassinado a facadas em Roma. Na ocasião, o então imperador Augusto condenou a cena do crime como um locus sceleratus, que era como os romanos chamavam um local julgado como amaldiçoado. O problema, no entanto, é que a área exata do crime foi esquecida pelos historiadores com o passar dos anos e só foi ser redescoberta no início do século XX.
Conhecido como Largo di Torre Argentina, o histórico local agora está pela primeira vez sendo aberto à visitação. O projeto faz parte de uma ação da prefeitura de Roma, que pretende realizar uma cerimônia de inauguração para atrair visitantes e "agregar um valor tremendo a história da cidade".
(Fonte: GettyImages)
Embora a morte de Júlio César seja algo de grande importância para a cultura romana, a história do crime acabou sendo influenciada na cultura popular pela imagem do primeiro imperador de Roma criada por Shakespeare em 1599. Na visão do dramaturgo inglês, o líder militar e político teria sido assassinado em um fórum da cidade.
O problema, contudo, é que a história retratada milhares de vezes em teatros e na literatura não é uma versão fiel do que realmente aconteceu durante esse evento. Sendo assim, diversos detalhes foram alterados, incluindo a localização do crime. Na realidade, César foi morto a facadas na Cúria de Pompeu, uma estrutura construída pelo estadista romano Pompeu, o Grande, dentro do Largo di Torre Argentina.
Na época de sua morte, Júlio César governava Roma como ditador — sendo posteriormente reconhecido como imperador — e era temido por um grupo de senadores que temia seu crescente poder. O assassinato gerou anos de guerra civil na região e quem assumiu o papel de César foi seu sobrinho, Otaviano, que posteriormente recebeu o nome de Augusto. Foi o sucessor quem decidiu fechar a praça onde o tio foi assassinado.
(Fonte: GettyImages)
Embora o assassinato de Júlio César tenha acontecido em 44 a.C., o local do crime só foi ser redescoberto por arqueólogos após escavações na praça Largo di Torre Argentina na década de 1920. Quem ordenou o trabalho foi o ditador Benito Mussolini, com o desejo de derrubar muitas seções da Roma moderna para desenterrar o passado histórico da cidade.
O objetivo de Mussolini era que a redescoberta da Roma Antiga pudesse vincular a sua ditadura cruel ao poder do Império Romano. Nesse mesmo tempo, outros quatro templos antigos foram encontrados naquela região da Itália. Porém, como o governo não tinha muitos recursos, toda a área permaneceu fechada por décadas.
O plano de abrir a localização para visitas começou há alguns anos, quando a casa de moda italiana Bulgari doou pouco mais de US$ 1 milhão para o projeto. Tal feito é apenas a mais recente de uma série de parcerias entre Roma e grandes marcas para restaurar o passado historicamente rico da cidade. Agora, quem decidir passar por lá, poderá ver de perto o palco para um dos assassinatos mais emblemáticos de todos os tempos.